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terça-feira, 18 de janeiro de 2011

O travesti ou a travesti?

CONSULTA — A travesti ou o travesti?

A travesti, conhecida como Lindaura, agrediu o policial.

O certo é o travesti ou a travesti? Alguns veículos de informação optam pelo uso do substantivo masculino; outros, pelo uso do feminino.

RESPOSTA
O que diz a gramática? Vejamos a resposta:
Segundo os dicionários Aurélio, Michaellis e Houaiss, travesti é um substantivo comum de dois gêneros, ou seja, a definição do gênero ocorre pela alternância do determinante: o travesti e a travesti, significando:
  • 1-  Indivíduo que, geralmente em espetáculos teatrais, se traja com roupas do sexo oposto;
  • 2 - Homossexual que se veste e que se conduz como se fosse do sexo oposto.
Deve ser usado, portanto, para homens ou para mulheres. Se o indivíduo (travesti) for do sexo masculino, usa-se o travesti; se for do sexo feminino, a travesti.

A frase apresentada, portanto, deve ser assim reescrita:

O travesti, conhecido como Lindaura, agrediu o policial.


segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Cratera ou Voçoroca?

CONSULTA

O termo correto para designar a escavação feita no solo pela enxurrada é “cratera” ou “voçoroca”?

RESPOSTA

CRATERA
Dicionário Houaiss — substantivo feminino  — espécie de jarro, semelhante a uma ânfora, usada pelos gregos para levar à mesa vinho e água; taça de grandes dimensões; abertura, quase sempre circular, de um vulcão ativo ou extinto; a boca do vulcão por onde expele ou expeliu lava e gases; Derivação: por extensão de sentido. — buraco, cova resultante da explosão de granada ou de mina; qualquer abertura significativa, encontrada em uma superfície; local no qual alguma coisa anda fervilhando; fato, acontecimento etc. que pode originar infortúnio, calamidade; qualquer orifício resultante de corrosão na superfície de um metal; pequena depressão que se origina do arrebentamento de bolhas em uma superfície metálica.
Dicionário C. Aulete — sf.1. Buraco grande em algum objeto ou superfície, resultante de explosão ou de forte impacto: A granada abriu uma cratera no chão.: cratera produzida pela queda de um meteorito; abertura por onde saem gases ou lava quando o vulcão está em atividade ou em erupção; tb.: depressão no solo ou na rocha, em torno da abertura de um vulcão ativo ou extinto, e produzida pelas erupções; grande taça onde os antigos gregos misturavam vinho e água; taça grande; qualquer abertura (ger. funda, ou larga, maior que o comum, ou de aspecto irregular) em uma superfície: Os furúnculos fizeram crateras em sua coxa.

VOÇOROCA

Dicionário Houaiss — substantivo feminino — Rubrica: geomorfologia. escavação no solo ou em rocha decomposta causada por erosão do lençol de escoamento de águas pluviais; boçoroca, buracão, vossoroca.

Dicionário C. Aulete — sf. — Fenda produzida na terra por forte enxurrada; BURACÃO: Uma voçoroca formada pelo escoamento superficial das águas pluviais.

Pelo visto nos dois renomados dicionários, a designação “cratera” presta-se a nomear “buracos mais ou menos circulares” em uma superfície qualquer; já o termo “voçoroca” nomeia as fendas longitudinais produzidas pela força das enxurradas.

Obrigado

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

USO DE HÍFEN


CONSULTA

Dia-a-dia ou dia a dia? Boca-de-lobo ou boca de lobo?

RESPOSTA

O acordo ortográfico aboliu alguns hífens e manteve outros. Muita gente ainda tem alguma dificuldade com a proposta.

Foi exatamente esse o caso da expressão "dia a dia" (equivalente a “um dia após o outro"), que se escrevia diferente do substantivo composto "dia-a-dia", significando "cotidiano", “rotineiro”. Com o Acordo, a grafia tornou-se idêntica: "dia a dia" em todos os casos. Assim: “Dia a dia, ele se tornava mais possessivo” e “Para que novas tecnologias sejam incorporadas a nosso  dia a dia”.

Alguns hífens, contudo, permaneceram para estabelecer a distinção entre um significado e outro. As espécies botânicas continuam a ostentar orgulhosamente seus hífens: boca-de-lobo, canela-de-ema, pata-de-vaca, canela-da-índia, dente-de-leão etc.

Quando não se tratar de espécie botânica, os hífens foram abolidos: boca de lobo (bueiro), boca de urna, boca de sino, boca de siri, boca de fumo, boca do lixo etc.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Uso do Hífen - Antirreligioso/anti-religioso


CONSULTA
Como se escreve anti-religioso/antirreligioso?

RESPOSTA
Não se emprega o hífen nas formações em que o prefixo ou falso prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa por r ou s, devendo tais consoantes duplicarem-se.

Exemplos:
antirreligioso, antissemita, contrarregra, contrassenha, cosseno, extrarregular, infrassom, minissaia, biorritmo, biossatélite, eletrossiderurgia, microssistema, microrradiografia.

A duplicação da consoante é feita para evitarem-se erros de prosódia.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Uso da Vírgula


CONSULTA — Como devo escrever a frase seguinte? Com ou sem as vírgulas?
Os índios que estão abandonando seus costumes serão extintos neste século. / Os índios, que estão abandonando seus costumes, serão extintos neste século.

RESPOSTA
Depende do que você quer dizer com a frase. Veja que toda oração iniciada por pronome relativo é uma chamada oração subordinada adjetiva.

Tais orações são chamadas de restritivas quando direcionam seu significado para grupo específico de indivíduos e são, por conseguinte, indispensáveis ao significado pretendido pelo falante.
·          Pedra que rola não cria limo. Somente as pedras que rolam não criam limo. Pode-se deduzir, portanto, que aquelas pedras que se mantêm quietas em seus lugares criarão limo. Se eliminarmos a expressão “que rola”, o significado mudará de sentido, pois estaremos afirmando que “Pedra não cria limo”. Nesse caso a oração “que rola” é uma oração subordinada adjetiva restritiva, isto é, restringe seu significado para a parcela do sujeito “pedra” que não se aquieta em seu lugar.
·       
          Os jogadores que não participaram do treinamento de ontem deverão participar da concentração a partir das 18h00 de hoje. Somente os que não treinaram devem concentrar-se. Se eliminarmos a sequência “que não participaram do treinamento de ontem”, a obrigatoriedade de participar da concentração fica estendida a todos os jogadores, os que treinaram e os que faltaram à atividade.
São chamadas de explicativas quando se trata de mera explicação ou generalização. Tais explicativas podem ser eliminadas sem que se altere o significado completo da sentença.
·       
           Lula, que deixou o poder, fixará residência em São Bernardo do Campo. A sequência sublinhada refere-se ao sujeito “Lula”, mas acrescenta uma informação dispensável para o entendimento que se pretende: “onde o ex-presidente irá residir doravante”. Podemos retirá-la e o texto remanescente cumprirá tranquilamente a missão de significar o que se pretende.
·        O Brasil, que é um país de dimensões continentais, deveria priorizar as ferrovias e hidrovias. A expressão destacada acrescenta apenas uma explicação, aliás, pública e notória. Pode ser eliminada sem qualquer prejuízo significativo para a totalidade da mensagem.
Quando o autor de um texto pretende estabelecer a diferença entre suas orações adjetivas restritivas e explicativas põe essas últimas entre virgulas, como se avisasse o leitor para o que é essencial e o que é acessório em seu texto.

Por isso eu disse que “depende do que você quer dizer com a frase”. 

Se você quiser significar que os índios estão abandonando seus costumes e serão extintos neste século, use a frase com vírgulas:
·         Os índios, que estão abandonando seus costumes, serão extintos neste século. (todos serão extintos)

Se o pretendido é que “alguns índios estão abandonando seus costumes e por isso eles serão extintos neste século, use a frase sem vírgulas:
·        Os índios que estão abandonando seus costumes serão extintos neste século. (apenas alguns serão extintos)

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

ADVOGADO-GERAL


CONSULTA – ADVOGADO-GERAL
Advogado-geral da União tem hífen?

RESPOSTA

O Acordo Ortográfico, em sua Base XV, diz o seguinte:
1º) Emprega-se o hífen nas palavras compostas por justaposição que não contêm formas de ligação e cujos elementos, de natureza nominal, adjetival, numeral ou verbal, constituem uma unidade sintagmática e semântica e mantêm acento próprio, podendo dar-se o caso de o primeiro elemento estar reduzido: ano-luz, arcebispo-bispo, arco-íris, decreto-lei, és-sueste, médico-cirurgião, rainha-cláudia, tenente-coronel, tio-avô, turma-piloto; alcaide-mor, amorperfeito, guarda-noturno, mato-grossense, norte-americano, porto-alegrense, sul-africano; afroasiático, afro-luso-brasileiro, azul-escuro, luso-brasileiro, primeiro-ministro, primeiro-sargento, primo-infeção, segunda-feira; conta-gotas, finca-pé, guarda-chuva.

Advogado-geral é uma palavra composta por substantivo mais adjetivo (natureza nominal), ou seja, duas palavras variáveis que se juntam para formar uma nova unidade significativa. Milita no mesmo campo de secretário-geral, segundo-tenente, primeiro-ministro, couve-flor, abelha-mestra, homem-rã etc.
O correto é com hífen.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Futuro do Pretérito

CONSULTA
Está certo escrever assim: “Arruda seria reeleito porque os adversários seriam incapazes de competir com suas realizações.”?

RESPOSTA
A pergunta, na verdade, resume-se a “Qual é a função principal do futuro do pretérito?

Observa-se que é comum encontrarmos textos com esta construção: De acordo com o delegado, o pedido da prisão preventiva ocorreu porque o acusado teria ameaçado algumas testemunhas.” Podemos presumir, portanto, que o delegado tem a faculdade de pedir a prisão preventiva de alguém apenas supondo que um crime ou contravenção poderá acontecer?


O futuro do pretérito é usado para indicar que o emissor trata de uma ação futura dependente de outra ação (presente – passada – futura). Na verdade, ele, o emissor, exime-se da responsabilidade sobre o que afirma. É com se dissesse que “pode ser que tal fato ocorra, desde que tais ou quais condições estejam presentes”.

Muita gente usa o futuro do pretérito, temendo a acusação de difundir inverdades.
  • “O senador teria feito uma emenda ao orçamento, favorecendo a ONG dirigida por sua amante.”
  • “Luxemburgo seria demitido porque não teria empatia com a torcida.”
  • “A embaixatriz recusar-se-ia a fazer o teste do bafômetro, alegando imunidades diplomáticas”.
Ora, a “emenda ao orçamento” é ou não materializada, independentemente de suas motivações; o pobre do Luxemburgo foi demitido e não se sabe (ou sabe-se bem) a razão ou as razões disso; a embaixatriz “recusou” o teste do bafômetro.

O correto para as frases é:
  • “O senador fez uma emenda ao orçamento, que favoreceria a ONG dirigida por sua amante.”
  • “Luxemburgo foi demitido porque não teria empatia com a torcida.”
  • “A embaixatriz recusou-se a fazer o teste do bafômetro, alegando imunidades diplomáticas”.
Nos três casos citados, partimos da hipótese de fatos já ocorridos, logo a relação foi estabelecida entre o futuro do pretérito e o pretérito perfeito do indicativo, entretanto outras relações temporais podem ser estabelecidas, como, por exemplo, em:

  • “O senador faria uma emenda ao orçamento, se favorecesse a ONG dirigida por sua amante.”
  • “Luxemburgo seria demitido caso não desenvolvesse empatia com a torcida.”
  • “A embaixatriz recusar-se-ia a fazer o teste do bafômetro, se pudesse alegar imunidades diplomáticas”.
NOTA
Antes da Nomenclatura Gramatical Brasileira (1961), esse tempo verbal era chamado de “condicional”. Considero que esse nome era mais adequado ao entendimento desse aspecto gramatical do emprego dos verbos.