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terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Uso do Hífen - Antirreligioso/anti-religioso


CONSULTA
Como se escreve anti-religioso/antirreligioso?

RESPOSTA
Não se emprega o hífen nas formações em que o prefixo ou falso prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa por r ou s, devendo tais consoantes duplicarem-se.

Exemplos:
antirreligioso, antissemita, contrarregra, contrassenha, cosseno, extrarregular, infrassom, minissaia, biorritmo, biossatélite, eletrossiderurgia, microssistema, microrradiografia.

A duplicação da consoante é feita para evitarem-se erros de prosódia.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Uso da Vírgula


CONSULTA — Como devo escrever a frase seguinte? Com ou sem as vírgulas?
Os índios que estão abandonando seus costumes serão extintos neste século. / Os índios, que estão abandonando seus costumes, serão extintos neste século.

RESPOSTA
Depende do que você quer dizer com a frase. Veja que toda oração iniciada por pronome relativo é uma chamada oração subordinada adjetiva.

Tais orações são chamadas de restritivas quando direcionam seu significado para grupo específico de indivíduos e são, por conseguinte, indispensáveis ao significado pretendido pelo falante.
·          Pedra que rola não cria limo. Somente as pedras que rolam não criam limo. Pode-se deduzir, portanto, que aquelas pedras que se mantêm quietas em seus lugares criarão limo. Se eliminarmos a expressão “que rola”, o significado mudará de sentido, pois estaremos afirmando que “Pedra não cria limo”. Nesse caso a oração “que rola” é uma oração subordinada adjetiva restritiva, isto é, restringe seu significado para a parcela do sujeito “pedra” que não se aquieta em seu lugar.
·       
          Os jogadores que não participaram do treinamento de ontem deverão participar da concentração a partir das 18h00 de hoje. Somente os que não treinaram devem concentrar-se. Se eliminarmos a sequência “que não participaram do treinamento de ontem”, a obrigatoriedade de participar da concentração fica estendida a todos os jogadores, os que treinaram e os que faltaram à atividade.
São chamadas de explicativas quando se trata de mera explicação ou generalização. Tais explicativas podem ser eliminadas sem que se altere o significado completo da sentença.
·       
           Lula, que deixou o poder, fixará residência em São Bernardo do Campo. A sequência sublinhada refere-se ao sujeito “Lula”, mas acrescenta uma informação dispensável para o entendimento que se pretende: “onde o ex-presidente irá residir doravante”. Podemos retirá-la e o texto remanescente cumprirá tranquilamente a missão de significar o que se pretende.
·        O Brasil, que é um país de dimensões continentais, deveria priorizar as ferrovias e hidrovias. A expressão destacada acrescenta apenas uma explicação, aliás, pública e notória. Pode ser eliminada sem qualquer prejuízo significativo para a totalidade da mensagem.
Quando o autor de um texto pretende estabelecer a diferença entre suas orações adjetivas restritivas e explicativas põe essas últimas entre virgulas, como se avisasse o leitor para o que é essencial e o que é acessório em seu texto.

Por isso eu disse que “depende do que você quer dizer com a frase”. 

Se você quiser significar que os índios estão abandonando seus costumes e serão extintos neste século, use a frase com vírgulas:
·         Os índios, que estão abandonando seus costumes, serão extintos neste século. (todos serão extintos)

Se o pretendido é que “alguns índios estão abandonando seus costumes e por isso eles serão extintos neste século, use a frase sem vírgulas:
·        Os índios que estão abandonando seus costumes serão extintos neste século. (apenas alguns serão extintos)

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

ADVOGADO-GERAL


CONSULTA – ADVOGADO-GERAL
Advogado-geral da União tem hífen?

RESPOSTA

O Acordo Ortográfico, em sua Base XV, diz o seguinte:
1º) Emprega-se o hífen nas palavras compostas por justaposição que não contêm formas de ligação e cujos elementos, de natureza nominal, adjetival, numeral ou verbal, constituem uma unidade sintagmática e semântica e mantêm acento próprio, podendo dar-se o caso de o primeiro elemento estar reduzido: ano-luz, arcebispo-bispo, arco-íris, decreto-lei, és-sueste, médico-cirurgião, rainha-cláudia, tenente-coronel, tio-avô, turma-piloto; alcaide-mor, amorperfeito, guarda-noturno, mato-grossense, norte-americano, porto-alegrense, sul-africano; afroasiático, afro-luso-brasileiro, azul-escuro, luso-brasileiro, primeiro-ministro, primeiro-sargento, primo-infeção, segunda-feira; conta-gotas, finca-pé, guarda-chuva.

Advogado-geral é uma palavra composta por substantivo mais adjetivo (natureza nominal), ou seja, duas palavras variáveis que se juntam para formar uma nova unidade significativa. Milita no mesmo campo de secretário-geral, segundo-tenente, primeiro-ministro, couve-flor, abelha-mestra, homem-rã etc.
O correto é com hífen.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Futuro do Pretérito

CONSULTA
Está certo escrever assim: “Arruda seria reeleito porque os adversários seriam incapazes de competir com suas realizações.”?

RESPOSTA
A pergunta, na verdade, resume-se a “Qual é a função principal do futuro do pretérito?

Observa-se que é comum encontrarmos textos com esta construção: De acordo com o delegado, o pedido da prisão preventiva ocorreu porque o acusado teria ameaçado algumas testemunhas.” Podemos presumir, portanto, que o delegado tem a faculdade de pedir a prisão preventiva de alguém apenas supondo que um crime ou contravenção poderá acontecer?


O futuro do pretérito é usado para indicar que o emissor trata de uma ação futura dependente de outra ação (presente – passada – futura). Na verdade, ele, o emissor, exime-se da responsabilidade sobre o que afirma. É com se dissesse que “pode ser que tal fato ocorra, desde que tais ou quais condições estejam presentes”.

Muita gente usa o futuro do pretérito, temendo a acusação de difundir inverdades.
  • “O senador teria feito uma emenda ao orçamento, favorecendo a ONG dirigida por sua amante.”
  • “Luxemburgo seria demitido porque não teria empatia com a torcida.”
  • “A embaixatriz recusar-se-ia a fazer o teste do bafômetro, alegando imunidades diplomáticas”.
Ora, a “emenda ao orçamento” é ou não materializada, independentemente de suas motivações; o pobre do Luxemburgo foi demitido e não se sabe (ou sabe-se bem) a razão ou as razões disso; a embaixatriz “recusou” o teste do bafômetro.

O correto para as frases é:
  • “O senador fez uma emenda ao orçamento, que favoreceria a ONG dirigida por sua amante.”
  • “Luxemburgo foi demitido porque não teria empatia com a torcida.”
  • “A embaixatriz recusou-se a fazer o teste do bafômetro, alegando imunidades diplomáticas”.
Nos três casos citados, partimos da hipótese de fatos já ocorridos, logo a relação foi estabelecida entre o futuro do pretérito e o pretérito perfeito do indicativo, entretanto outras relações temporais podem ser estabelecidas, como, por exemplo, em:

  • “O senador faria uma emenda ao orçamento, se favorecesse a ONG dirigida por sua amante.”
  • “Luxemburgo seria demitido caso não desenvolvesse empatia com a torcida.”
  • “A embaixatriz recusar-se-ia a fazer o teste do bafômetro, se pudesse alegar imunidades diplomáticas”.
NOTA
Antes da Nomenclatura Gramatical Brasileira (1961), esse tempo verbal era chamado de “condicional”. Considero que esse nome era mais adequado ao entendimento desse aspecto gramatical do emprego dos verbos.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

CONCORDÂNCIA NOMINAL


CONSULTA

O que eu quero escrever é que um determinado comando aloca uma matriz (determinado espaço em memória assim designado) para receber posteriormente os valores vindos da imagem original e outra para receber os valores vindos da imagem codificada.

"Alocar matrizes para receber imagens original e codificada".

RESPOSTA
Temos aqui o caso de uma palavra (imagem) modificada por dois determinantes (original e codificada). Quando isso ocorre, a palavra determinada pode ficar no singular ou ir para o plural e os determinantes podem ou não estar precedidos de artigos.
·    Receber imagem original e modificada.
·    Receber imagens original e modificada.
·    Receber a imagem original e a modificada.
·    Receber as imagens original e modificada.

Todos estão corretos. Acredito que a fórmula “Receber a imagem original e a modificada” atende melhor aos requisitos da clareza e da simplicidade da expressão.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

REGÊNCIA VERBAL - ATENDER


O verbo “atender” pede complemento direto ou indireto?

Segundo o Dicionário de Verbos e Regimes, de Francisco Fernandes, depende do sentido de seu emprego.

Significando dar, prestar atenção, considerar deve ser empregado como transitivo indireto.
  • Atendeu a minhas indicações. 
  • Atendia à população necessitada. 
  • Mais de trinta milhões de doses para atender a esse contingente de risco.
Significando ouvir, acolher, deve ser empregado como transitivo direto.
  • Atenda os meus conselhos. 
  • Atendemos o requerente em sua solicitação. 
  • Atender o Ministério Público é castrar a autonomia política conquistada.
Como ouvir e acolher significam o mesmo que prestar atenção e considerar, conclui-se que a regência direta ou indireta é opcional, depende da vontade de quem escreve ou fala. Como sou partidário da maior simplificação possível, prefiro a regência direta.
  • Atenderemos o pedido na próxima semana.
  • Atenderemos quaisquer pedidos via internet. 
  • Lamento não poder atender a solicitação de recursos. 
  • A reitoria atendeu as reivindicações. 
  • O juiz atendeu o requerimento. 
  • O Papa atenderá os peregrinos. 
  • Não vou atender nenhum dos conselhos, mas somente minha intuição.