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quinta-feira, 14 de outubro de 2010

PLEONASMO


PLEONASMO
Li, hoje, na Folha: “Novo xodó dos são-paulinos, o meia-atacante já virou o principal elo de ligação entre a defesa e o setor ofensivo da equipe do Morumbi”. Está certo?
Existe um vício de linguagem imperdoável em um texto publicado por um jornal dessa categoria: “elo de ligação”.
O pleonasmo (redundância) pode ser estilístico, quando é clara a intenção do autor em ressaltar determinada ação. É famosa a citação de Antônio Viera, em um de seus sermões: “Tantos fenômenos inauditos da natureza, vistos com os olhos, pegados com as mãos, pisados com os pés...”.
Há, principalmente em autores mais antigos, exemplos de pleonasmos em que se repete o complemento verbal, ou o sujeito, para dar maior elegância à frase:
·        A mim me parece...
·        Maltratando-se a si próprio...
·        “Deu-lhe, a ela, uma grandeza absoluta...”
·        “Os estímulos da honra, tê-los-ia, o jovem...”
Não me parece ter sido essa a intenção do jornalista da Folha.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

A palavra "que"


A palavra “que” deve ser acentuada na frase "O que e como falar”?
É muito comum imaginarmos que a palavra “que” deva ser acentuada quando antecedida de artigo, por uma analogia com o acento gráfico em “o porquê”. Isso não é correto. O que deve ser acentuado com o circunflexo apenas em três casos:
·        Quando for antecedido do artigo indefinido um:
Aquela mulher tem um quê irresistível.
·        Quando isso ocorrer, a junção um quê significará algo, alguma coisa: Aquela mulher tem algo de irresistível.

·        Quando for interjeição. Isso ocorrerá em indicação de surpresa, de espanto, de dúvida:
Quê? Você ainda não fez o trabalho?

·        Quando for pronome interrogativo e estiver em final de frase:
Você faltou ao trabalho por quê?
• Você está temeroso de quê?
• Você está a fim de quê?

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Um livro excelente

Acabo de ler um livro fascinante: "Não contem com o fim do livro". Trata-se de uma "conversa" entre Umberto Eco – O Nome da Rosa – e Jean-Claude Carrière – cineasta e crítico literário. O autor é o intermediário da conversa, o jornalista Jean Philippe de Tonnac. Por 269 páginas eles se divertem e divertem o leitor contando a história do livro, suas vicissitudes, seus inimigos e, principalmente, seu valor como repositório do conhecimento humano através dos milênios (considera-se "livro" todo texto produzido para perenizar o conhecimento, desde os papiros, os hieróglifos, os rolos até os existentes em mídia virtual).
Vários pensamentos me ocorreram durante a leitura. Nunca entendi, por exemplo, por que uma certa corrente de pensamento educacional abomina o livro didático, pregando sua extinção para, em seu lugar, adotar o livro "criado" pelos próprios alunos. Os autores não falam disso, mas fica claro que a inspiração dessa bobagem está na "revolução cultural" chinesa, que promoveu (pelo menos tentou) a eliminação dos livros existentes porque representavam uma fonte de poder das elites e, em seu lugar, deveria permanecer apenas o "livro vermelho de Mao". Esse pensamento foi adotado, piamente, pelos movimento estudantil  reformista de 1968, na França. Dá o que pensar...
Por que se queimam livros? Por que várias bibliotecas grandiosas foram incendiadas? Você sabia que um senador americano propôs a proibição do ensino de outras línguas nas escolas americanas porque "se Jesus falava inglês, não há necessidade de se saber mais do que isso"?
Não vou me estender mais, para não atrapalhar a leitura de quem se interessar.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

CONSULTA E RESPOSTA


A palavra "deságuam" tem realmente acento? Qual a explicação gramatical para a existência, ou não, de tal acento?

Há uma variação na pronúncia dos verbos    terminados   em   -guar, -quar e  -quir, como aguar, averiguar, apaziguar, desaguar, desaguar, obliquar, apropinquar, delinquir etc.

Esses verbos admitem duas pronúncias em algumas formas do presente do indicativo, do presente do subjuntivo e também do imperativo.

           A – Se forem pronunciadas com a ou i tônicos, essas formas devem ser acentuadas.

Nos exemplos (a vogal sublinhada é tônica, isto é, deve ser pronunciada mais fortemente que as outras):
Exemplos: 
verbo desaguar: deságuo, deságuas, deságua, deságuam; deságue, deságues, deságuem.
verbo delinquir: delínquo, delínques, delínque, delínquem; delínqua, delínquas, delínquam.

Atenção: no Brasil, essa é a pronúncia mais corrente, com A e I tônicos.

B – Se forem pronunciadas com u tônico, essas formas deixam de ser acentuadas.

Nos exemplos a vogal sublinhada é tônica, isto é, deve ser pronunciada mais fortemente que as outras:

Exemplos:
verbo desaguar: desaguo, desaguas, desagua, desaguam; desague, desagues, desaguem.
verbo delinquir: delinquo, delinques, delinque, delinquem; delinqua, delinquas, delinquam.
É por isso que fica a critério de quem escreve acentuar ou não a palavra DESÁGUAM / DESAGUAM. Entretanto, é aconselhável seguir-se a tendência geral e usar-se a forma acentuada.

OBS: O autor Napoleão Mendes de Almeida, em seu livro “Gramática Metódica”, insurge-se contra a recomendação do Formulário Ortográfico, da Academia Brasileira de Letras, que manda usar-se a forma acentuada.