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domingo, 22 de dezembro de 2019

ANTI-HELMÍNTICOS / ANTIPARASITÁRIOS


“Fármacos anti-helmínticos enquadram-se no rol dos antiparasitários”.

Qual a razão de se usar o hífen em “anti-helmínticos” e não em “antiparasitários”?

O Acordo Ortográfico em vigor manda usar-se o hífen quando o prefixo termina em vogal e a palavra seguinte inicia-se pela mesma vogal ou pela letra “H”.

anti-higiênico,anti-histórico anti-hemorrágico, anti-herói, anti-ibérico, anti-infeccioso, anti-inflamatório, anti-islâmico, auto-observação, auto-oscilaçãom contra-almirante.

antígeno, antivírus, antialérgico, contrassenso, autoinstrução, coedição, infraestrutura, semifusa

quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

OBEDECER A / DESOBEDECER A


*“TODAS AS NORMAS ÉTICAS NÃO FORAM OBEDECIDAS PELO DEPUTADO”.

O verbo obedecer é um verbo transitivo indireto, estabelecendo regência com a presença obrigatória da preposição a:
OBEDECER A ALGUÉM OU OBEDECER A ALGUMA COISA.
Por essa razão, na língua culta, não se pode usar tal verbo na voz passiva, devendo o falante optar por um verbo de significação semelhante.
O DEPUTADO NÃO OBEDECEU A TODAS AS NORMAS ÉTICAS (VOZ ATIVA).
Caso quiséssemos passar a frase para a voz passiva, deveríamos transformar o OBJETO DIRETO EM SUJEITO, mas ele não existe, já que a expressão “A TODAS AS NORMAS ÉTICAS” é o objeto indireto.
*“todas as normas éticas não foram respeitadas (acatadas/atendidas/cumpridas/seguidas)
pelo deputado”.

terça-feira, 17 de dezembro de 2019

650 MIL CONSULTAS

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sexta-feira, 13 de dezembro de 2019

CHEGAR EM CASA / CHEGAR A CASA


“Após um dia muito corrido no escritório esta semana, cheguei em casa e a única coisa que eu queria saber era da minha cama”. 

Os verbos “de movimento” — chegar/ir —, no registro culto, regem a preposição “A”.

Por isso em que não se deve dizer ”Vou no banheiro”; “fui no médico”; “cheguei em casa (a sua própria casa)”; “vou no Maracanã”.

Corrija-se para “Após um dia muito corrido no escritório esta semana, cheguei A casa e a única coisa que eu queria saber era da minha cama”. 

Se a palavra "casa" estiver determinada por algum complemento, a crase no " será de regra.


“Após um dia muito corrido no escritório esta semana, cheguei À casa de meus pais e a única coisa que eu queria saber era da minha cama”.




segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

MANTER / MANTIVER


Um jornalista acaba de dizer na TV: “Se o Santos manter o técnico, terá mais chances no próximo campeonato”.

Observe que a frase começa com um “se”, o que caracteriza seu significado como hipotético, provável, possível de acontecer, especulativo. “Se ISSO ocorrer, ENTÃO poderá OCORRER aquilo”.

Nesse caso, o verbo deverá estar, OBRIGATORIAMENTE, no modo subjuntivo, o modo adequado para indicar ação provável ou duvidosa. Assim, o correto é: “Se o Santos mantiver o técnico, terá mais chances no próximo campeonato”.

terça-feira, 5 de novembro de 2019

BACHARÉIS / EUROPEIA


Explique a diferença da acentuação gráfica entre as palavras BACHARÉIS e EUROPEIA.

O Acordo Ortográfico em vigor aboliu o acento gráfico dos ditongos de base aberta “-éi/-éis”, “-éu/-éus”, quando estiverem em palavras paroxítonas.

Observe que:

BACHARÉIS é palavra oxítona, com a sílaba tônica formada pelas letras “R – E – I – S”. O grupo vocálico “EI” é um ditongo decrescente e o “S” não pode formar sílaba sozinho (toda sílaba apoia-se em uma vogal);

EUROPEIA é palavra paroxítona, com a sílaba tônica formada pelas letras “P – E – I”. O grupo vocálico “EI” é um ditongo decrescente e a última sílaba é formada unicamente pela vogal “A”.

Em razão dessa norma, temos grupos de palavras com ou sem o acento gráfico, como em:

a) carretéis – papéis – anéis – ouropéis – tabaréu – escarcéu – babaréu – céus – chapéus…

b) Cananeia – panaceia – onomatopeia – assembleia – pacapeua – pindopeua...

sexta-feira, 18 de outubro de 2019

O ALFACE / A ALFACE


Devo dizer “O alface está bem crocante” ou “A alface está bem crocante”?
A segunda opção é a correta. “Alface” é do gênero (gramatical) feminino.

terça-feira, 1 de outubro de 2019

CONCORDÂNCIA NOMINAL: GOLPE CLARA / GOLPE CLARO


“O novo golpe dos hackers e de seus comparsas fica ainda mais clara pelo estratagema que o acompanha”. (Revista Crusoé)

A Gramática Normativa exige que o adjetivo concorde em gênero (masculino / feminino) e em número (singular / plural) com o nome (substantivo – adjetivo – advérbio) a que se refere. Existem casos especiais que detalham determinadas nuances da concordância nominal, mas a síntese é essa: “nomes andam de mãos dadas com seus modificadores”.

No trecho, retirado da Revista Crusoé, o adjetivo “clara”, no gênero feminino e no número singular, está referindo-se ao substantivo “golpe”, no início da frase, em desacordo, portanto, com a prescrição gramatical.

Corrija-se para: “O novo golpe dos hackers e de seus comparsas fica ainda mais claro pelo estratagema que o acompanha”. (Revista Crusoé)

domingo, 15 de setembro de 2019

PREVILÉGIO ou PRIVILÉGIO?


“A Reforma da Previdência deve acabar com muitos PREVILÉGIOS descabidos”.

A palavra correta é “PRIVILÉGIOS”, bem assim como seus derivados privilegiado, desprivilegiado, privilegiar etc.

“A Reforma da Previdência deve acabar com muitos PRIVILÉGIOS descabidos”.

sábado, 7 de setembro de 2019

BEM-CONHECIDOS – BEM CONHECIDOS


Nossos jornais de circulação nacional tem se esmerado em criticar eventuais falhas linguísticas de alguns políticos mais ou menos em evidência.

Um dia desses encontrei a seguinte notícia em um grande jornal, de uma grande rede de comunicação: “Os nossos bem-conhecidos, mas muitas vezes incompreendidos ancestrais, viveram na Europa e Ásia já há 200.000 anos”.

O hífen está equivocadamente colocado e bastava uma breve consulta ao dicionário, ou a uma gramática recente, ou ao meu blog, para evitar a “barrigada ortográfica”, imperdoável em quem lida com a língua portuguesa profissionalmente.

É aquela velha e conhecida história: o macaco senta-se sobre o próprio rabo para falar mal do rabo do vizinho.

sexta-feira, 30 de agosto de 2019

PARALISIA / PARALISAR - VISSE / REVISSE


Em tempos de guerra pela escrita correta das palavras, os jornais brasileiros produziram grande estardalhaço com o texto do Ministro da Educação, no qual se encontra a palavra “PARALISAR” escrita com a letra [Z]. Parece que o Ministro, ou sua secretaria, se esqueceu de que a palavra derivada SEGUE A GRAFIA DA PALAVRA QUE LHE DEU ORIGEM.

Paralisar vem de paralisia, com [S]“ e deve ser grafado com essa letra representando o fonema /Z/.

No entanto, a Folha de São Paulo, hoje, comete equívoco parecido, no texto “Em março deste ano, uma sindicância conduzida pelo Tribunal das Contas da União suspendeu o repasse de recursos públicos para o audiovisual, exigindo que a Ancine revesse a forma como fiscaliza as contas dos projetos que aprova”.

O verbo “rever” deveria ter seguido a conjugação de seu verbo primitivo “VER”. “...exigindo que a Ancine revisse a forma como fiscaliza as contas dos projetos que aprova”.

quarta-feira, 14 de agosto de 2019

POR QUE / PORQUE


Quando devo escrever “por que”, “porque”?

Usa-se o “por que”:

1. No início ou no interior das interrogações diretas e indiretas.

  • Por que você faltou?(interrogação direta)
  • Quero saber por que você faltou. (interrogação indireta)


2. Quando tiver o significado de “o motivo pelo qual” ou “a razão pela qual”.

  • Não consigo entender por que (o motivo pelo qual) (a razão pela qual) ela me abandonou.

Usa-se “porque”:

1. Quando significar uma resposta ou explicação.

  • Faltei porque não tinha dinheiro para a condução.
  • Porque foi reprovado, mudou de escola.


segunda-feira, 15 de julho de 2019

SEMI-INTENSIVO


Minha escola está oferecendo um curso Semi Intensivo de Língua Portuguesa .
Isso está certo?

Meu conselho é que você FUJA dele, por duas razões principais.

Primeiro, porque cursos com esse tipo de enfoque raramente beneficiam o aluno.

Segundo, porque, se erram até a grafia do nome do curso, imagino bem o cuidado que terão com as aulas e com o conteúdo.

O Acordo Ortográfico determina o uso do hífen nos casos em que o prefixo termina com vogal idêntica à vogal que inicia a palavra seguinte.

Exemplos:
Semi-industrial / semi-intensivo / contra-ataque / anti-ibérico / anti-imperialista / anti-inflacionário / anti-inflamatório / auto-observação / contra-almirante.




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sexta-feira, 12 de julho de 2019

HOUVE / HOUVERAM

Notícia publicada hoje, por NewsLetter ligada ao setor financeiro:

“O placar também chamou a atenção: quase 3/4 dos deputados votaram a favor da proposta. Até nos partidos de oposição houveram deputados que desobedeceram às orientações da bancada e votaram pela aprovação do projeto”.

O emprego do verbo “haver” está correto?

Não.

O uso do verbo “haver” no plural está, evidentemente, equivocado. Esse verbo integra o rol dos chamados verbos impessoais, que se flexionam apenas na 3ª pessoa do singular, sempre que ocorrer com o mesmo significado de “existir”.
O correto, portanto, é “... houve deputados...”.

terça-feira, 9 de julho de 2019

PERDEMOS / PERCAMOS / PERDERMOS


O jornal O Estado de São Paulo publicou reportagem hoje, de onde pinçamos o seguinte trecho: “A migração para novo sistema será amigável PARA QUE NÃO PERDEMOS o que já foi feito até agora”.

Está gramaticalmente correto?

Não.

A expressão destacada está absolutamente  em dissonância com  sentido do texto. O correto seria usar o verbo no presente do subjuntivo: “Para que não percamos”; ou no infinitivo pessoal, trocando-se o “para que” por “para”: “para não perdermos”.

DO GOVERNO ENTREGAR / DE O GOVERNO ENTREGAR


O jornal O Estado de São Paulo publicou, em 09/07/2019, uma entrevista, com seguinte trecho: “Hoje há um ceticismo grande sobre a capacidade DO GOVERNO entregar uma agenda que é construtiva e muito positiva”.

Está correto?

Não. O sujeito de um infinitivo não pode estar regido de preposição.

O correto, no registro formal culto da Língua Portuguesa em uso no Brasil, é  “Hoje há um ceticismo grande sobre a capacidade DE O GOVERNO entregar uma agenda que é construtiva e muito positiva”.

segunda-feira, 8 de julho de 2019

CONTRA-ATAQUE / CONTRA-ATACAR


O jornal O Globo publicou nota, em 08JUL19, com o seguinte trecho:

“Em entrevista durante a feira Expert 2019, organizada pela XP na semana passada, o empresário considera que os bancos não serão velozes o suficiente para contra-atacar porque carregam uma estrutura de custos fixos - embora ele admita que já há empresas tradicionais tentando reagir à sua ofensiva”. 

Comente o uso do HÍFEN.

O uso do hífen está correto.

Prefixos terminados em vogal só admitem o hífen se a palavra seguinte iniciar-se pela mesma vogal ou pela letra [H].

anti-herói; macro-história; mini-hotel; proto-história; sobre-humano; ultra-humano; anti-ibérico; anti-imperialista; anti-inflacionário; anti-inflamatório; auto-observação; contra-almirante; contra-ataque; micro-ondas; semi-internato.

sexta-feira, 5 de julho de 2019

SEMI-JOIAS / SEMI JOIAS / SEMIJOIAS?


O Acordo Ortográfico aboliu o uso do hífen nos casos em que o prefixo termina com vogal diferente da vogal que inicia a palavra seguinte.
Exemplos: aeroespacial, agroindustrial, anteontem, antiaéreo, antieducativo, autoaprendizagem, autoescola, autoestrada, autoinstrução.

Atenção para os detalhes:


  • Quando o primeiro elemento termina em vogal e o segundo elemento começa com uma vogal diferente. Ex: extra-escolar será escrito como “extraescolar”.
  • Quando o segundo elemento começar com R ou S, a primeira letra do segundo elemento deverá ser duplicada. Ex: anti-semita e contra-regra serão escritos como “antissemita” e “contrarregra”.
  • Outra regra para o hífen é a de incluí-lo onde antes não existia, nos casos em que o primeiro elemento finalizar com a mesma vogal que começa o segundo elemento. Ex: microondas e antiinflamatório serão escritos como “micro-ondas” e “anti-inflamatório”.
  • Se o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa por consoante, não existe hífen.


A palavra semijoia encaixa-se nesta regra.


domingo, 23 de junho de 2019

MICRO-HABITAT / MICROCEFALIA



São duas situações distintas. No primeiro caso, o prefixo “micro” junta-se a uma palavra que se inicia letra [h]; no segundo, o mesmo prefixo está aplicado a uma palavra que se inicia pela consoante [c].
Quando o prefixo termina por vogal, usa-se o hífen, se o segundo elemento começar pela mesma vogal ou pela letra [H].

Assim, escrevemos “autodidata”, “auto-observação”, “antirrábico”, “antiético”, “micro-ondas”, “autoclave”, “autopiedade”, “anti-higiênico”, “antígeno”, “auto-hipnose”, “auto-homenagem”, “anteontem”, “antiabortivo”, “monocromático”, “micronutriente”.

segunda-feira, 17 de junho de 2019

CUJO - CUJA - CUJOS - CUJAS

“Eu apenas estou trazendo uma narrativa, que é discutida no livro “Clash of Empires”, escrito por Louis Vincent Gave e Charles Gave, cujo eu traduzi”. 

O pronome “cujo” é usado para estabelecer uma relação de posse entre dois termos. Isto é, ele relaciona dois elementos nominais de forma a que fique claro que o segundo pertence ao primeiro.

  • A menina cujos olhos encantaram o trovador... = os olhos pertencem à menina;
  • O aluno a cujas notas me refiro foi reprovado por excesso de faltas... = a notas pertencem ao aluno;
  • A cidade cujo transporte público está inoperante é a capital do país... = o transporte público pertence à cidade.
O correto é: “Eu apenas estou trazendo uma narrativa, que é discutida no livro “Clash of Empires”, escrito por Louis Vincent Gave e Charles Gave, que eu traduzi”. O uso de “cujo” não é possível porque não há a relação de posse entre um antecedente e consequente.

Seria ainda conveniente alterar-se a ordem dos termos do texto para obter-se mais clareza quanto ao significado: “Eu apenas estou trazendo uma narrativa, que é discutida no livro, que eu traduzi, “Clash of Empires”, escrito por Louis Vincent Gave e Charles Gave”.

segunda-feira, 10 de junho de 2019

HOUVERA SIDO JULGADO? TIVERA SIDO JULGADO?

Os pedidos de entrevista foram feitos no final de setembro do ano passado, a menos de um mês das eleições presidenciais. À época, o petista já tivera sido julgado inelegível pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Existem verbos, os chamados verbos abundantes, que têm dois particípios: um regular e outro irregular. Por exemplo, o verbo entregar tem como particípio regular entregado, e como particípio irregular, entregue.

No registro formal culto da Língua Portuguesa em uso no Brasil, a regra recomenda que as formas regulares são usadas, preferencialmente, na formação da voz ativa, acompanhadas dos verbos auxiliares ter e haver.
  • Miroslava tem vendido muitos planos mirabolantes a investidores incautos.
  • Não se deram conta de que os eleitores haviam aprendido a escolher seus candidatos.
Da mesma maneira, as formas irregulares são usadas na formação da voz passiva, acompanhadas dos verbos auxiliares ser e estar.
  • Suspeitava-se de que o réu fora julgado de forma irregular.
  • Embora esteja eleito, não tomará posse.
Assim, a frase “À época, o petista já tivera sido julgado inelegível pelo TSE” está dentro da norma gramatical culta.




domingo, 26 de maio de 2019

UMA DAS QUE FARIAM / UMA DAS QUE FARIA


A decisão foi antecipada pela jornalista Mônica Bergamo, uma das que fariam a entrevista na sede da PF (Polícia Federal) na capital paranaense. Em sua coluna na Folha, ela chamou a proibição de “censura”.

O sujeito “um dos que” – “uma das que” permite dois tipos de concordância.

1ª – se o falante quer priorizar um indivíduo (jornalista Mônica Bergamo) o verbo concordará com ele. “A decisão foi antecipada pela jornalista Mônica Bergamo, uma das que faria a entrevista na sede da PF (Polícia Federal) na capital paranaense.

2ª se o falante opta por priorizar o conjunto de indivíduos (jornalistas), o verbo irá para o plural. “A decisão foi antecipada pela jornalista Mônica Bergamo, uma das (jornalistas) que fariam a entrevista na sede da PF (Polícia Federal) na capital paranaense”.

MELHOR EDUCADOS – MAIS BEM EDUCADOS


O preparadíssimo ex-presidente FHC, em congresso do seu partido, disse que “queremos brasileiros melhor educados, e não brasileiros liderados por gente que despreza a educação, a começar pela própria”. 

O registro formal culto da Língua Portuguesa recomenda que em expressões como essa não se usa o advérbio “melhor” para qualificar o particípio. O uso correto é “mais bem educados”.

Como o ex-presidente fala de “brasileiros educados” (bem ou mal), trata, por conseguinte, de Educação Formal e, nesse caso, não há desculpa para o uso incorreto da língua, já que FHC é professor aposentado da UsP e autor de vários e renomados livros sobre Sociologia...

Queremos brasileiros mais bem educados, e não brasileiros liderados por gente que despreza a educação, a começar pela própria.

sexta-feira, 17 de maio de 2019

TER-SE-IAM AGLOMERADO / TERIAM SE AGLOMERADO

Os materiais lançados ao espaço teriam se aglomerado em poucos milhares de anos para formar a lua.

A colocação dos pronomes oblíquos átonos é um problema recorrente, quando se faz uso do registro formal culto da Língua Portuguesa. Fique bem claro que tal registro deve ser o preferido em textos acadêmicos, científicos, profissionais e assemelhados, independentemente do fato de caber ao autor, a escolha do registro a ser usado no texto.

Observe-se que o trecho destacado, teriam se aglomerado, contém um verbo no futuro do pretérito.

A regra de colocação dos pronomes oblíquos determina o uso da mesóclise (colocação medial) quando tais pronomes estiverem junto a verbos no futuro do presente, ou no futuro do pretérito. 

Assim, na sequência, a colocação correta é:

Os materiais lançados ao espaço ter-SE-iam aglomerado em poucos milhares de anos para formar a lua

sábado, 13 de abril de 2019

FUI EU QUEM PAGOU (OU PAGUEI)?


Quando a oração tem por sujeito o pronome relativo “quem”, o verbo pode ir para a terceira pessoa do singular (Fui eu quem pagou), ou pode concordar com o antecedente do pronome relativo “quem” (Fui eu quem paguei).

Se o sujeito for o pronome relativo “que”, a concordância será obrigatoriamente com o antecedente do pronome relativo. Fui eu que paguei; foram eles que pagaram; fomos nós que pagamos.

segunda-feira, 8 de abril de 2019

ALARDEAR


“Não devemos ALARDEAR a população com esse tipo de informação estressante”.
O verbo “alardear” é registrado nos dicionários com o seguinte significado:
MICHAELLIS — Dicionário Brasileiro de Língua Portuguesa
1 Fazer alarde de; exibir, mostrar, ostentar: Alardeava a sua ciência em jornais e revistas.
2 Contar bazófias: Leva o tempo todo alardeando.
3 Fazer o elogio de si próprio; blasonar-se, gabar-se, jactar-se, vangloriar-se: Aquele cínico alardeava-se de honesto.
PRIBERAM — Dicionário de Língua Portuguesa
verbo transitivo
1. Fazer alarde de.
2. Ostentar, gabar-se de.
3. Anunciar algo com alarde ou barulho.
Palavras relacionadas: 
AURÉLIO — Dicionário de Língua Portuguesa
Fazer alarde de. Ostentar, gabar-se de.
HOUAIIS – Dicionário de Língua Portuguesa
Fazer alarde; ostentar, apregoar: alardear mérito. Gabar-se, bazofiar.
Lendo novamente o texto da questão, “Não devemos ALARDEAR a população com esse tipo de informação estressante”, percebe-se que há um problema semântico, ou seja, seu autor não atentou para o significado do verbo “alardear” e o empregou equivocadamente.
Pelo restante da frase, parece que o autor pretendia, na verdade, usar o significado de “alarmar”, “assustar”, “alvoroçardesassossegar” ou sobressaltar”.






domingo, 31 de março de 2019

AFRO-DESCENDENTE / AFRODESCENDENTE


Elementos como afro-, anglo-, euro-, franco-, indo-, luso-, quando compõem adjetivos pátrios (também chamados de gentílicos), apresentam hífen, quando indicam duplicidade.
Exemplos:
·         Afro-americano,
·         afro-brasileiro,
·         anglo-saxão,
·         euro-asiático,
·         franco-canadense,
·         etc.
Se, no entanto, esses elementos não estiverem somando duas identidades (africano e americano; africano e brasileiro; inglês e saxão; europeu e asiático) para a formação de adjetivos pátrios, não haverá o uso do hífen.
Exemplos:
·         Afrodescendente,
·         anglofalante,
·         francófono,
·         eurocentrismo
·         etc.

terça-feira, 19 de março de 2019

REGÊNCIA DO VERBO "PRECISAR"


“Mourão diz que as reformas criarão a confiança que o Brasil precisa”.

Mourão diz O QUÊ? “que as reformas criarão a confiança...”.

Que confiança? “aquela de que o Brasil precisa...”.

O verbo “precisar” é transitivo indireto (ou transitivo relativo), isto é, exige um complemento regido de preposição. Como dizia minha antiga e amada professora de Língua Portuguesa: “Quem precisa, precisa DE alguém ou DE alguma coisa”.

domingo, 3 de março de 2019

REDAÇÃO NOTA 1.000 DO ENEM


“Manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet”
Por Lucas Felpi
No livro 1984 de George Orwell, é retratado um futuro distópico em que um Estado totalitário controla e manipula toda forma de registro histórico e contemporâneo, a fim de moldar a opinião pública a favor dos governantes. Nesse sentido, a narrativa foca na trajetória de Winston, um funcionário do contraditório Ministério da Verdade que diariamente analisa e altera notícias e conteúdos midiáticos para favorecer a imagem do Partido e formar a população através [HE1] de tal ótica. Fora da ficção, é fato que a realidade apresentada por Orwell pode ser relacionada ao mundo cibernético do século XXI: gradativamente, os algoritmos e sistemas de inteligência artificial corroboram para[HE2]  a restrição de informações disponíveis e para a influência comportamental do público, preso em uma grande bolha sociocultural.
Em primeiro lugar, é importante destacar que, em função das novas tecnologias, internautas são cada vez mais expostos à[HE3]  uma gama limitada de dados e conteúdos na internet, consequência do desenvolvimento de mecanismos filtradores de informações a partir do uso diário individual. De acordo com o filósofo Zygmund Bauman, vive-se atualmente um período de liberdade ilusória, já que o mundo globalizado não só possibilitou novas formas de interação com o conhecimento, mas também abriu [HE4] portas para a manipulação e alienação semelhantes vistas em “1984”. Assim, os usuários são inconscientemente analisados pelos sistemas e lhes é apresentado apenas o mais atrativo para o consumo pessoal.
Por conseguinte, presencia-se um forte poder de influência desses algoritmos no comportamento da coletividade cibernética: ao observar somente o que lhe interessa e o que foi escolhido para ele, o indivíduo tende a continuar consumindo as mesmas coisas e fechar os olhos para a diversidade de opções disponíveis. Em um episódio da série televisiva Black Mirror, por exemplo, um aplicativo pareava pessoas para relacionamentos com base em estatísticas e restringia as possibilidades para apenas as que a máquina indicava – tornando o usuário passivo na escolha. Paralelamente, esse é o objetivo da indústria cultural para os pensadores da Escola de Frankfurt: produzir conteúdos a partir do padrão de gosto do público, para direcioná-lo, torná-lo homogêneo e, logo, facilmente atingível.
Portanto, é mister que o Estado tome providências para amenizar o quadro atual. Para a conscientização da população brasileira a respeito do problema, urge que o Ministério de Educação e Cultura (MEC) crie, por meio de verbas governamentais, campanhas publicitárias nas redes sociais que detalhem o funcionamento dos algoritmos inteligentes nessas ferramentas e advirtam os internautas do perigo da alienação, sugerindo ao interlocutor criar o hábito de buscar informações de fontes variadas e manter em mente o filtro a que ele é submetido. Somente assim, será possível combater a passividade de muitos dos que utilizam a internet no país e, ademais, estourar a bolha que, da mesma forma que o Ministério da Verdade construiu em Winston de “1984”, as novas tecnologias estão construindo nos cidadãos do século XXI.
Texto publicado na Internet, pelo autor, em razão de ter conseguido a nota 1.000, no ENEM/2018.
Texto muito bem escrito e com argumentos que vão além do desempenho costumeiro dos concludentes do Ensino Médio, apresenta 48 linhas digitadas. Com letra cursiva normal, atingiria bem mais que o dobro dessa medida.
O comando da prova definia que o texto a ser produzido deveria apresentar, no máximo, 20 linhas. O que ultrapassasse tal limite seria desconsiderado, o que mutilaria o resultado final, acarretando, por conseguinte, defeito estrutural grave e a consequente perda e pontos.
Como justificar, então, os 1.000 pontos atribuídos?
Talvez o professor(a) corretor(a) tenha se apaixonado pelo texto e atribuiu uma nota desligada dos padrões definidos pelo Edital do Concurso;
Talvez a prova não tenha sido corrigida e a nota foi dada pelo número de inscrição;
Talvez haja alguma norma de correção desconhecida do público em geral...
Dezenas de hipóteses podem ser levantadas para definir-se o que houve realmente...
Uma correção dos aspectos básicos da produção textual, feita apenas nos dois parágrafos iniciais, revela alguns equívocos também básicos.
O advérbio “através” tem o significado ligado à ideia de “transposição”, ou seja, ir além de um corpo ou lugar, atravessar um obstáculo. No texto, o autor o usou com o sentido de “meio” ou “instrumento”, o que configura erro de significação vocabular ou de inadequação da escolha do vocabulário; o verbo “corroborar” é transitivo direto e, se usado pronominalmente, rege a preposição “com”; não se usa a crase antes de palavra de sentido indefinido; no trecho destacado no segundo parágrafo, ocorre o tipo de incoerência temporal pelo uso inadequado e incoerente de tempos verbais diversos.
A nota 1.000, portanto, segundo o meu entendimento, não se justifica.

 [HE1]uso inadequado.
 [HE2]regência equivocada
 [HE3]crase inadequada.
 [HE4]Problema com a coerência temporal.