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quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

SE INVESTIGUE / SE INVESTIGUEM


Professor, a concordância desta frase está correta? “Desde que não se investigue os crimes cometidos durante a ditadura”.

Não. Esse equívoco é recorrente (ocorre repetidamente) em razão dos valores que a partícula “se” pode assumir na língua formal. No caso a valor é de “pronome apassivador”, formando a voz passiva sintética.

Sempre que se depara com essa dúvida, Tente transformar a “voz passiva sintética” em “voz passiva analítica” =è“Desde que não se investigue os crimes cometidos durante a ditadura” / “Desde que não sejam investigados os crimes cometidos durante a ditadura”.

A passiva sintética pôde (o acento diferencial é mantido) ser transformada em passiva analítica, mas a concordância verbal mudou.

Regra: na voz passiva, analítica ou sintética, o verbo deve concordar normalmente com seu sujeito. Logo, o correto é: “Desde que não se investigueM os crimes cometidos durante a ditadura”

FAÇO REVISÃO ORTOGRÁFICA, GRAMATICAL, SEMÂNTICA E ESTILÍSTICA DE QUAISQUER TEXTOS — ENTRE EM CONTATO COMIGO

REVISÕES EM GERAL

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FORMATAÇÃO ABNT E APA.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2018

CONCORDÂNCIA VERBAL NA VOZ PASSIVA SINTÉTICA

Li esse texto na coluna da jornalista Miriam Leitão, no jornal O Globo e fiquei em dúvida quanto ao uso da voz passiva sintética com o verbo “detectar”.

Detectou-se várias propriedades sendo usadas em atividades diferentes das atribuições da entidade.”

Na voz passiva sintética, o verbo deve concordar normalmente com seu sujeito. Qual é o sujeito do verbo na frase?

“Detectou-se várias propriedades” =è transformando-se para voz passiva analítica =è “Várias propriedades foram detectadas”. 

Logo, o uso correto é “Detectaram-se várias propriedades sendo usadas em atividades diferentes das atribuições da entidade.”

ELE CONCORDA / ELE DISCORDE

Li este texto no Jornal O Estado de São Paulo e fiquei em dúvida quanto à correção do emprego do verbo “discordar”.

“Depreende-se então que, para esse magistrado, a jurisprudência formada por decisão colegiada da qual ele discorda simplesmente não vale”.

Pelo contexto, percebe-se que o magistrado em questão apenas considera válidas aquelas decisões colegiadas com as quais ele concorda e inválidas as demais. Então há uma cláusula dubitativa! Não são todas as decisões consideradas válidas, mas quais são elas? Todas as vezes que o texto instaura uma cláusula desse tipo, devemos usar o verbo no Modo Subjuntivo, ajustado ao tempo e à pessoa da ação verbal.

Que eu concorde; que tu concordes; que ele concorde; que nós concordemos; que vós concordais; que eles concordem.

“Depreende-se então que, para esse magistrado, a jurisprudência formada por decisão colegiada da qual ele discorde simplesmente não vale”.

terça-feira, 9 de outubro de 2018

POUCA IDADE / JUVENTUDE

“A pouca idade, porém, não será a maior dificuldade”.

O autor do texto cometeu um deslize na escolha das palavras. 

Quando escrevemos formalmente, devemos atentar para os significados presentes ou “supostos” pelo leitor, não deixando margens a dúvidas ou distrações de quem lê. O “cacófato” é um vício de linguagem comum quando não se tem esse cuidado, gerando expressões ridículas, risíveis, torpes, ou inadequadas.

Dizer, por exemplo, que os torcedores cantaram “nosso hino = no suíno” à capela, isto é, sem acompanhamento musical, não fica bem nem mesmo para a crônica esportiva, notória pelos aleijões linguísticos que produz.

Exemplos de cacófatos não faltam: boca dela; calma minha filha; na vez passada; Maluf nunca ganhou nada; a gente tinha; Foi entregue pela dona do 2º andar...

O cacófato presente na frase inicial, “A pouca idade, porém, não será a maior dificuldade”, pode ser facilmente eliminado com a permuta por um termo ou expressão equivalente: “A juventude, porém, não será a maior dificuldade”.

sábado, 29 de setembro de 2018

O CABIA / LHE CABIA


O desembargador Rogério Favreto, usurpando uma competência que não o cabia, aproveitou seu período de plantonista do Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4) para expedir um absurdo alvará de soltura para o sr. Lula da Silva.

O uso pronome oblíquo “o” está correto?

O dicionário de verbos e regimes de Francisco Fernandes consigna para o verbo caber, com o significado de “cumprir – competir”, como em “Não me cabe aconselhar os mais velhos”, “Não cabe a Maria atalhar o mal”, a regência indireta.

O pronome “o”, em função de complemento verbal, serve apenas como objeto direto. Dessa forma, a frase correta é “usurpando uma competência que não lhe cabia”.


terça-feira, 18 de setembro de 2018

TENHO CERTEZA DE QUE...



A advogada do médico envolvido na morte de uma cliente declarou: “Tenho certeza que provaremos na justiça a inocência do Dr. Fulano de Tal”.

Os advogados, jornalistas e comunicadores em geral usam a língua como instrumento de trabalho. Não seria pedir muito que procurassem conhecer melhor o material linguístico que lhes proporciona o sustento e o das respectivas famílias.

No caso específico, a palavra “certeza” é um substantivo que está a reclamar algo que lhe complemente o sentido. Qualquer falante, diante da expressão “tenho certeza”, logo indagaria; “Certeza de quê”? A resposta seria o “Complemento Nominal”: “de que provaremos na justiça a inocência do Dr. Fulano de Tal”.

Todo complemento nominal vem regido de preposição!!!

segunda-feira, 3 de setembro de 2018

ESSE - DESSE / ESTE - DESTE


Na frase "Senhor Ministro, em nenhum momento, pretendeu-se, portanto, usurpar a competência desta Suprema Corte e autorizar investigação, direta ou indiretamente, contra autoridade com foro privilegiado", o pronome demonstrativo destacado está correto?

Corretíssimo. O pronome refere-se a algo que ainda será nominado (Suprema Corte). Sua função textual é catafórica, ou seja, antecipa um termo que virá a seguir. Nessa função, os demonstrativos devem ser “isto, este, esta, deste, desta, neste, nesta”.

Caso o demonstrativo fizer referência a um termo expresso anteriormente, terá a função anafórica, ou seja, repete um termo do texto, e o uso será com “isso, esse, essa, desse, dessa, nesse, nessa”.

“Os restos mortais de Luzia foram encontrados por historiadores em meados da década de 1970. Com mais de 11 mil anos, os fósseis estavam depositados na Lapa Vermelha, região da Lagoa Santa, em Minas Gerais.

Em abril de 1998, Luzia ganhou reconhecimento facial e foi possível dizer que o esqueleto, segundo os especialistas, pertencia a uma mulher que viveu até os 25 anos. Esse reconhecimento revelou que Luzia tinha traços negroides das antigas populações africanas e australianas”.


sábado, 18 de agosto de 2018

ADEQUA / ADEQUAR


O jornal “O Estado de São Paulo” publicou, hoje, declarações da atriz Luana Piovani sobre sua mudança para Portugal. O trecho final foi “Claro que isso não vai me trazer o dinheiro que eu gasto hoje, mas a gente se adequa”.

Está certa a construção: “Claro que isso não vai me trazer o dinheiro que eu gasto hoje, mas a gente se adequa”?

O verbo “adequar” pertence ao grupo dos chamados “verbos defectivos”, ou seja, “verbos defeituosos”. Tais verbos apresentam falhas de conjugação, com a ausência de algumas pessoas ou tempos.

“Adequar” só é conjugado nas pessoas em que o acento tônico está fora do radical. Assim, no presente do indicativo, teremos:
  •        Eu (não existe)
  • ·      Tu (não existe)
  • ·      Ele (não existe)
  • ·      Nós adequamos
  • ·      Vós adequais
  • ·      Eles (não existe)
No exemplo da consulta “Claro que isso não vai me trazer o dinheiro que eu gasto hoje, mas a gente se adequa”, o sujeito é “gente”, que pode ser substituído, no contexto, por “eu”, logo não existe a forma verbal usada e a frase está errada.

Para resolver esse tipo de problema, é melhor usar um verbo de significação análoga, “ajustar”, por exemplo, “Claro que isso não vai me trazer o dinheiro que eu gasto hoje, mas a gente se ajusta” ou uma forma perifrástica “Claro que isso não vai me trazer o dinheiro que eu gasto hoje, mas a gente vai se adequar”.

É preciso, também, atentar para o fato de que o presente do indicativo é tempo primitivo e, no caso dos verbos com defeito de conjugação, haverá, fatalmente, consequências em seus tempos derivados (imperativo afirmativo, presente do subjuntivo, imperativo negativo), mas isso já outra história.

quinta-feira, 2 de agosto de 2018

TRANSFORMOU LHE / TRANSFORMOU-O


Colson Whitehead retorna ao país que lhe transformou em escritor

A regência do verbo “transformar” pode ser percebida pela expressão: “transformar algo/alguém em alguma coisa”, onde “algo/alguém” é o objeto direto e “alguma coisa” é o objeto indireto.

Ocorre que o pronome oblíquo átono “lhe”, quando exerce a função de complemento verbal, serve, exclusivamente, de objeto indireto. O pronome adequado à frase é “o” que, nas mesmas circunstâncias, serve como objeto direto.

Colson Whitehead retorna ao país que o transformou em escritor”.


sexta-feira, 6 de julho de 2018

MEIO / MEIA


“A ENTREVISTA FOI MEIA COMPLICADA, TANTO DA PARTE DAS PERGUNTAS QUANTO DAS RESPOSTAS”

A palavra meio está intensificando o adjetivo — COMPLICADA —. Nesse caso é um advérbio, não tendo, portanto, flexão de gênero e número.

Para saber se meio é advérbio, basta substituí-lo por outro advérbio de intensidade. Por exemplo, coloque a palavra MUITO no lugar de meio. Se a frase continuar aceitável gramaticalmente, é sinal de que MEIO é advérbio.

“A ENTREVISTA FOI MUITO COMPLICADA, TANTO DA PARTE DAS PERGUNTAS QUANTO DAS RESPOSTAS”

A frase está perfeita, portanto deveremos corrigir a primeira, deixando-a assim:

“A ENTREVISTA FOI MEIO COMPLICAD,A TANTO DA PARTE DAS PERGUNTAS QUANTO DAS RESPOSTAS”

Se não for possível substituir meio por MUITO, então meio pertencerá a outra classe gramatical e flexionará normalmente em gênero.
  • Ele bebeu meia garrafa de vinho = Ele bebeu metade da garrafa.
  • Basta-me meia xícara = Basta-me metade da xícara.
  • Ele prometeu comer meio (a metade) queijo, meia (a metade) rapadura e meio (a metade) metro de linguiça.


segunda-feira, 2 de julho de 2018

CHEGOU A HORA DE A ONÇA BEBER ÁGUA


O jornal O Estado de Minas publicou a seguinte chamada para uma matéria esportiva: “Será a primeira chance dos torcedores verem de perto os novos reforços”. Está correta?
Há um erro elementar, mas recorrente em textos de pessoas inexperientes no uso da língua.

Qual é o sujeito do verbo “verem”? Quem verá os novos reforços? Evidente que serão os torcedores a quem será dada a chance de vê-los...

Há uma regra fundamental no estudo da Gramática da Língua Portuguesa: “O sujeito é O TERMO REGENTE POR EXCELÊNCIA”, isto é, ele é o principal termo da oração e não se sujeita a nenhum outro termo.

Observando-se a oração da consulta, vê-se que o sujeito está regido da preposição “DE” – chance dos torcedores verem — onde “dos” equivale à contração (DE + OS).

As preposições são elementos de ligação que servem para estabelecer o domínio de um termo (regente) sobre o outro (regido).

Antes do sujeito não pode haver preposição, nem mesmo em contrações...

Assim, o correto é dizer que Será a primeira chance de os torcedores verem de perto os novos reforços”.

segunda-feira, 18 de junho de 2018

À MEDIDA QUE / NA MEDIDA EM QUE


Como usar: à medida que / na medida EM que?

São duas locuções diferentes, embora semelhantes na aparência, o que tem levado muitas pessoas – mesmo com bom conhecimento da língua – a fazer um cruzamento entre elas, como li há pouco tempo: *”À medida em que recuavam, o exército russo e a população civil iam queimando plantações e destruindo fábricas”.

A locução conjuntiva — à medida que — com crase e sem a preposição ‘em’ - está classificada entre as conjunções subordinativas proporcionais; portanto, tem o mesmo significado de à proporção que, como nos seguintes exemplos:

(1) "À medida que o regime foi se consolidando, só o caminho que Jango preconizava, de resistência política, é que podia mesmo prevalecer", reconhece Brizola.

(2) No caso do Mal de Alzheimer, que é a principal doença da memória, os neurônios são destruídos à medida que a enfermidade avança.

A segunda locução — na medida EM que —, de uso mais recente, não se encontra nos livros de gramática tradicionais. Não sendo legitimada, não era ensinada na escola. Para desfazer a confusão: na medida em que encaixa-se nas conjunções causais, tendo o sentido aproximado de "pelo fato (razão, motivo) de que, uma vez que, já que, porquanto":

(3) O Estado, na medida em que se responsabiliza apenas pelo financiamento do Ensino Fundamental, estaria se abstendo de cumprir seu papel de promotor do bem comum.

(4) Essa concepção de linguagem está associada à teoria da comunicação e é falha na medida em que reserva ao emissor um papel ativo e ao receptor um papel passivo.

(5) O currículo escolar daria então sua contribuição na medida em que abrisse discussões ideológicas e metodológicas.

sexta-feira, 15 de junho de 2018

CONJUGAÇÃO DO VERBO INTERMEDIAR


Professor, li em jornal de circulação nacional a noticia: “A TFM Agency, antiga Traffic, ajuda o Galo na busca pelo atleta. A empresa financia parte da negociação e INTERMEDIA as conversas ao lado do dirigente alvinegro”.

O verbo INTERMEDIAR está flexionado corretamente?

Não. O verbo “intermediar” não se conjuga assim.

Os verbos terminados em -iar têm conjugação regular, ou seja, seguem a conjugação de qualquer verbo terminado em -ar, como, por exemplo, o "andar". Então, se dizemos "eu ando, tu andas, ele anda", também diremos "eu negocio, tu negocias, ele negocia".

Há alguns verbos terminados em -iar, porém, que não seguem essa conjugação. É o caso de "mediar", "ansiar", "remediar", incendiar", "odiar" e todos os seus derivados. Esses verbos terão o acréscimo da letra "e" antes da terminação -iar, nas pessoas "eu, tu, ele e eles" do presente do indicativo (todos os dias ...) e do presente do subjuntivo (espero que ...). A conjugação desses dois tempos ficará desta forma: Todos os dias eu medeio, tu medeias, ele medeia, nós mediamos, vós mediais, eles medeiam. Que eu medeie, tu medeies, ele medeie, nós mediemos, vós medieis, eles medeiem.

Todos os outros tempos seguem a conjugação regular, ou seja, terão conjugação igual à de qualquer verbo terminado em -ar.

O verbo "intermediar" é derivado de "mediar" e sua conjugação é idêntica. A frase apresentada, então, deve ser assim reescrita:
“A empresa financia parte da negociação e INTERMEDEIA as conversas ao lado do dirigente alvinegro”.

sábado, 9 de junho de 2018

500.000 ACESSOS AO BLOG

MEIO MILHÃO DE ACESSOS 

Nesta semana, ultrapassamos a marca de meio milhão de consultas ao Blog.

Nosso muito obrigado a todos os consulentes!

Fica aqui a promessa de continuarmos firmes em nosso propósito de ajudar sempre que alguém necessitar de alguma ajuda com a Nossa Língua Portuguesa..


quarta-feira, 23 de maio de 2018

VOCÊ / TEU / TUA


Professor, eu estava assistindo ao programa “Seleção Sport TV” e um dos jornalistas participantes fez a seguinte pergunta ao jogador entrevistado:
“Fulano, na TUA volta aos gramados, em que partida VOCÊ se sentiu mais à vontade?”

Achei estranha a ocorrência de TU e VOCÊ, na mesma sentença e referindo-se ao interlocutor do falante. Pode isso?
Não, não pode!

As pessoas do discurso são três. 1ª pessoa: quem fala (eu, nós); 2ª pessoa (tu, vós): com quem se fala; 3ª pessoa: de quem se fala (ele/ela, eles/elas). Esses pronomes pessoais retos são tônicos e têm seus correspondentes átonos específicos.
Eu è me, meu, minha.                            Nós è nos, nossos, nossas.
Tu è te, teu, tua.                                     Vósè vos, vosso, vossas.
Ele/Ela è o/a, se, lhe, seu, sua.              Eles/elas è os/as se, lhes, seus, suas.

No registro coloquial, usado no Brasil, é comum as pessoas confundirem os pronomes átonos de 2ª pessoa com os de 3ª pessoa. Foi o que deve ter ocorrido com o jornalista em questão.

No registro formal, dever-se-ia dizer:

“Fulano, em TUA volta aos gramados, em que partida TE sentiste mais à vontade?”
“Fulano, em SUA volta aos gramados, em que partida VOCÊ se sentiu mais à vontade?”

Misturar pronomes de 2ª e 3ª pessoas é erro primário de uso da Língua Portuguesa.

quarta-feira, 2 de maio de 2018

AO ENCONTRO DE / DE ENCONTRO A


Ao encontro de indica “estar de acordo com”, “em direção a”, “favorável a”, “para junto de”. É uma expressão usada para indicar concordância.
De encontro a tem significado de “contra”, “em oposição a”, “para chocar-se com”. É uma expressão usada para indicar discordância.
Ou seja, as locuções têm significado totalmente opostos.
Exemplos:
a) Este roteiro vem ao encontro de tudo que queria para realizar a filmagem. (“favorável a”).
b) As reações que o grupo externou foram de encontro ao esperado pelo chefe. (“em oposição a”).

sábado, 21 de abril de 2018

USO DE PREFIXO "AUTO"


A palavra “auto massagem” é escrita com ou sem hífen”?
Sem o hífen. Os prefixos terminados em vogal, antecedendo palavras iniciadas por consoantes diferentes de [r] e [s], dispensam o uso do hífen.
·    Anteprojeto
·    Antipedagógico
·    Autopeça
·    Autoproteção

Se a palavra modificada começar com [r] ou [s], dobram-se essas letras e também não se usa o hífen.

antirrábico
antirracismo
antirreligioso
antirrugas



domingo, 15 de abril de 2018

SE VOCÊ VER /VIR


Professor, recebi uma mensagem com o seguinte trecho: “Se você ver a Lua, você verá a beleza de Deus; se você ver o Sol, você verá o poder de Deus; se você ver sua própria imagem, você verá a melhor criação de Deus”. Fiquei em dúvida quanto à correção do emprego do verbo “ver”. Está certo?

Verbo é a classe de palavras que se flexiona em pessoa, número, tempo, modo e voz.

Os “modos” verbais são empregados para denotar determinados aspectos da ação descrita pelo verbo.

  • Indicativo – denota uma ação líquida e certa, isto é, ocorre, ocorreu ou ocorrerá.
  • Subjuntivo – Expressa um fato incerto, duvidoso ou mesmo irreal, dependendo da vontade ou do sentimento de quem o emprega.
  • Imperativo – É empregado para exprimir ordem, súplica, convite ou pedido.
  • Formas nominais – São formas verbais com funções próprias do substantivo, adjetivo ou advérbio.
O verbo ver, no texto da consulta, expressa claramente fatos que não têm ocorrência comprovada na realidade, tanto que cada oração inicia-se por uma conjunção subordinativa condicional “se”. Nesse caso, o verbo “ver” deve ser empregado no futuro do subjuntivo:

“Se você vir a Lua, você verá a beleza de Deus; se você vir o Sol, você verá o poder de Deus; se você vir sua própria imagem, você verá a melhor criação de Deus”.

sexta-feira, 30 de março de 2018

FARÁ / FARÃO


Professor, li esse texto em um jornal e me parece que a concordância verbal do verbo “fazer” está incorreta: “As receitas de pedágio de todas as concessionárias irão para uma câmara de compensação que farão transferências entre as empresas”.

E você está absolutamente certo. o sujeito do verbo em questão é o pronome relativo “que”, anteposto ao verbo.

Diz a regra: “Quando o sujeito é o pronome relativo ‘que’, o verbo concordará com seu antecedente”. O antecedente do pronome relativo, no texto, é a expressão “uma câmara de compensação” que, como se vê, está no singular e com ela o verbo concordará.

“As receitas de pedágio de todas as concessionárias irão para uma câmara de compensação que fará transferências entre as empresas”.

quarta-feira, 21 de março de 2018

CONCORDÂNCIA VERBAL COM FRAÇÕES DECIMAIS


Professor, está correta a concordância verbal ressaltada na frase: “Os acordos de colaboração e leniência devem resultar na devolução de R$ 12 bilhões aos cofres públicos, segundo esperam as autoridades envolvidas. Já foi restituído R$ 1,9 bilhão”? 

Se o sujeito é o numeral R$1,9 bilhão, o verbo não deveria estar no plural?

Quando o sujeito é uma fração decimal, o verbo concordará com a PARTE INTEIRA do fração.

  • 2,999 bilhões já foram restituídos;
  • 1,999 bilhão já foi restituído.


quinta-feira, 15 de março de 2018

TINHA GANHO / TINHA GANHADO


Professor, está correta a forma “tinha ganho”? “Quando Lênin ficou sabendo que a revolução tinha ganho, se benzeu e disse: graças a Deus!!!”

Ganhar é um verbo abundante, apresentando duas formas equivalentes de particípio: uma forma regular; outra, irregular. Ganhado é o particípio regular; ganho, o particípio irregular.

* Diante dos verbos auxiliares TER ou HAVER, devemos usar a forma regular, constituída da terminação “-ado” ou “-ido”. Observe o exemplo:

Os alunos tinham entregado o trabalho em tempo hábil.
Os alunos haviam entregado o trabalho em tempo hábil.

* Diante dos verbos auxiliares SER ou ESTAR, devemos fazer uso da forma irregular. Eis o enunciado a seguir:

Os trabalhos foram entregues em tempo hábil.
Os trabalhos estavam entregues em tempo hábil.

Embora o uso da forma irregular, com os verbos ser e estar, nas situações informais ocorra com muita frequência, não recomendo seu uso na língua escrita formal.

Em Português formal, a frase deveria ser escrita com o auxiliar haver e o particípio irregular: “Quando Lênin ficou sabendo que a revolução havia ganho, se benzeu e disse: graças a Deus!!!”, ou com o verbo ter seguido do particípio regular: “Quando Lênin ficou sabendo que a revolução tinha ganhado, se benzeu e disse: graças a Deus!!!”


quinta-feira, 8 de março de 2018

NUANCE / NUANÇA


“O ensino de Geografia tem alguns nuances que precisam ser bem esclarecidos".        

Professor, a palavra “nuances” é de que gênero gramatical?

Nuance é palavra do gênero gramatical feminino, de origem francesa, e seu uso pode ser considerado um vício de linguagem chamado “galicismo”. Atualmente esse rigor purista anda em baixa.

Os portugueses preferem usar “nuança”, com o mesmo significado de gradação, mescla, cambiante, matiz, tonalidade.

Corrija-se para “O ensino de Geografia tem algumas nuances que precisam ser bem esclarecidas”.

domingo, 11 de fevereiro de 2018

CACHORRO QUENTE / CACHORRO-QUENTE


Professor, está correta a expressão “Comeu um cachorro quente e tomou um refrigerante”?

O sanduíche feito com pão, salsicha e molho de tomates (os brasileiros acrescentam batata frita e milho cozido) é diferente de um cachorro “aquecido”. Na verdade a expressão junta dois vocábulos para formar um terceiro, com significação própria e individualizada. É como “couve-flor”, “batata-palha”, “navio-escola”, “fazenda-modelo” etc.

É um processo de formação de palavras chamado de “composição por justaposição”

O Acordo Ortográfico define que: “Emprega-se o hífen nas palavras compostas por justaposição que não contêm formas de ligação e cujos elementos, de natureza nominal, adjetival, numeral ou verbal, constituem uma unidade sintagmática e semântica e mantêm acento próprio”.

Assim, a forma correta de se escrever o nome do dito sanduíche é “cachorro-quente”, com hífen, venha com batatas fritas e milho ou não.

sábado, 27 de janeiro de 2018

DESSE(S)- DESSA(S)-


Professor, no dia 27/jan/2018, o Jornal O Estado de São Paulo publicou uma nota da qual retirei o seguinte trecho: “O julgamento desta quarta-feira, 24, em que teve sua condenação no caso triplex do Guarujá dada por Moro confirmada em segunda instância”.

O uso do pronome demonstrativo “desta” está correto?

A função textual dos pronomes deste(s)-desta(s) é a de catafóricos, ou seja, referem-se a pessoas, coisas ou fatos que ainda estão por ocorrer. O autor ou autores do texto deveriam empregar o pronome “dessa”, pois falando no dia 27/jan/2018, evidentemente referem-se a fato já ocorrido no dia 24/jan/2018.

A função textual dos pronomes desse(s)-dessa(s) é a de anafóricos, ou seja, referem-se a pessoas, coisas ou fatos que já ocorreram. O uso correto desses conectores é importante para a coesão do texto produzido.



sábado, 6 de janeiro de 2018

O QUAL – A QUAL - OS QUAIS – AS QUAIS

“Tornou-se um processo NA QUAL o eleitor não se sente representado pelos partidos”.

Em uma das famosas mesas redondas televisivas, um participante soltou essa “pérola” por duas ou três vezes.

Os pronomes relativos, dentre os quais estão “o qual – a qual – os quais – as quais”, devem concordar em gênero (masculino/feminino) e em número (singular/plural) com o substantivo a que se referem.

Na frase da consulta, o substantivo “processo” é o antecedente do pronome relativo “a qual”, o que contraria a regra da concordância em gênero explicitada. 

Tal concordância é feita pelo artigo junto ao pronome relativo. Logo, o correto é “Tornou-se um processo NO QUAL o eleitor não se sente representado pelos partidos”.


sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

CUSTODIA / CUSTODEIA


Declarações do governador de Goiás afirmam que “O Estado não custodeia esse tipo de condenado”. Achei estranha a forma verbal usada.

Realmente é estranha. O verbo “custodiar” provém do verbo latino “custodiare” e deve ser conjugado normalmente como os demais verbos terminados em “-iar”. No presente do indicativo, temos: eu custodio; tu custodias; ele custodia; nós custodiamos; vós custodiais; eles custodiam.

Lembremo-nos de que os verbos mediar-ansiar-remediar-incendiar-odiar, embora terminados em “-iar”, seguem o paradigma dos verbos terminados em “-ear”. No presente do indicativo, temos: eu medeio; tu medeias; ele medeia; nós mediamos; vós mediais; eles medeiam. Com as implicações decorrentes nos tempos e modos derivados.

FELIZ 2018 A TODOS!!!