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domingo, 31 de dezembro de 2017

QUE BEBE / QUE BEBA

Professor, vi esse comentário em um site da internet: “Equinox Premier agrada pelo espaço, bom motor e preço; pena que bebe tanto”. Fiquei em dúvida quanto ao uso do verbo “beber”. Está correto?

Não.

Na expressão deve ser usado o presente do subjuntivo: “que beba”.
O Modo Subjuntivo denota que uma ação é concebida como ligada à outra, da qual depende, de modo expresso ou subentendido, estabelecendo, muitas vezes, uma relação condicional. É uma noção temporal imprecisa, que, quando empregada, está ligada à vontade, imaginação ou sentimento.

queCorrija-se para “Equinox Premier agrada pelo espaço, bom motor e preço; pena que beba tanto”.

quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

O PERMITE / LHE PERMITE

Professor, em “João já vem apresentando, há alguns anos, um quadro confusional, que não o permite compreender com clareza e exatidão os atos jurídicos”, está correto o uso do pronome oblíquo átono “o”, como objeto direto do verbo “permitir?

Não.

O verbo, no caso, está construído com dois complementos (permitir alguma coisa(OD) a alguém(OI)). O objeto direto é a expressão “compreender com clareza e exatidão os atos jurídicos” e o objeto indireto é o citado pronome oblíquo átono “o”. Ocorre que tal pronome não pode desempenhar tal função. 

Ele é exclusivamente objeto direto.

Corrija-se para “João já vem apresentando, há alguns anos, um quadro confusional, que não LHE permite compreender com clareza e exatidão os atos jurídicos”.

quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

DESCRIMINAR / DISCRIMINAR

Professor, em “Por causa dele, nenhuma operadora pode descriminar o acesso ao conteúdo da internet”, o uso do verbo “descriminar” está correto?

Não. Deve-se usar o verbo "discriminar", que significa "perceber diferenças, distinguir, discernir", como em "O ignorante não consegue discriminar o certo do errado".

Veja que descriminar que tem o sentido de "isentar de culpa, absolver, tornar evidente a ausência de crime ou contravenção". O mesmo que "descriminalizar".

Corrija-se para: “Por causa dele, nenhuma operadora pode discriminar o acesso ao conteúdo da internet”.

quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

CONSEGUIMOS / CONSIGAMOS

“Conquistamos a Copa do Brasil no primeiro semestre, o Campeonato Mineiro no segundo, e quem sabe nós conseguimos conquistar este terceiro título no ano”.

O emprego do verbo, destacado no texto, está correto?

O verbo “conseguir” deve ser conjugado tal qual o verbo “seguir”. No presente do indicativo, temos: eu consigo / nós conseguimos; no pretérito perfeito do indicativo, temos as formas: eu consegui / nós conseguimos.

No texto, percebe-se que o tempo verbal começa no passado, com o verbo “conquistamos”, entretanto a ideia da possível conquista do terceiro título do ano, ainda está por acontecer. É uma possibilidade, mas não uma certeza!

A Língua Portuguesa oferece ao falante uma solução para esses casos em que a ação descrita (no presente, passado ou futuro) não é comprovável de forma indubitável. Trata-se do modo “subjuntivo”: que eu consiga / que nós consigamos.

“Conquistamos a Copa do Brasil no primeiro semestre, o Campeonato Mineiro no segundo, e quem sabe nós consigamos conquistar este terceiro título no ano”.

domingo, 3 de dezembro de 2017

PANACEIA - METÁFORA - PLEONASMO

Professor, li a frase abaixo em um jornal e fiquei em dúvida sobre o uso do termo “panaceia”. 

“Passada a festa, vai ficar claro que acabar ou revisar o foro não é uma panaceia para todos os males da Justiça nacional”.

O autor do texto fez uso da figura de linguagem denominada “metáfora” que consiste em comparação elíptica em que sempre está ausente o atributo comum. Em muitos casos também faltam as balizas de comparação: 'como', 'tal qual', etc.

Ou seja, é o emprego de um termo com significado de outro em vista de uma relação de semelhança entre ambos. É uma comparação subentendida.

Na frase 'Maria é uma flor' consideremos que uma das intenções seja dizer 'Maria é bela'. Mas por que então usar a metáfora e não o termo próprio? Porque com a metáfora não se diz apenas que 'Maria é bela' mas também como é essa beleza, que tipo, que grau. A metáfora agrega significação ao discurso relativamente ao enunciado próprio que vem de sua decifração.

Voltando ao termo da pergunta, panaceia significa, formalmente, “remédio para diferentes males”. Panaceia é uma palavra com origem no grego panákeia, sendo que pan significa "todo" e ákos significa "remédio". Dessa forma, a palavra indica uma substância que cura todas as doenças. Na mitologia grega, Panaceia era a deusa da cura, irmã de Hígia, deusa da saúde e higiene.

Como se vê, o autor pretendeu significar que a eliminação do chamado “foro privilegiado” não resolveria todos os problemas de que padece a Justiça brasileira, logo, em seu entendimento, não seria uma “panaceia”.

Ocorre que, quando o autor escreveu “panaceia para todos os males”,  incorreu no chamado “pleonasmo vicioso” ou “redundância”, pois o próprio termo “panaceia” já inclui o significado de “remédio para todos os males”.

domingo, 19 de novembro de 2017

CAIU ou CAÍRAM?

Professor, a imprensa deu a seguinte notícia: “Caiu os investimentos em moradias populares”. A concordância verbal está correta?

Não.

Perguntemos ao verbo “o que caiu”? A resposta, evidentemente, será “os investimentos”. Essa expressão é o sujeito simples da oração. Diz a regra geral da concordância verbal que o verbo concorda com seu sujeito simples em número e pessoa. Logo, o correto é “Caíram os investimentos em moradias populares”.

sexta-feira, 17 de novembro de 2017

"VÃO FALÁ" / VAMOS FALAR / FALAREMOS

Professor, os apresentadores do Jornal Bom Dia Brasil, da Rede Globo, repetem diariamente expressões como esta: “Agora vão falá da série A do Brasileirão...” e, em seguida, eles mesmos apresentam as notícias... Está errado, não está?

Claro que sim.

O problema está na perífrase verbal “vão falá”, supostamente na 1ª do plural, já que quem diz a frase é que falará. O correto seria “Vamos falar da série A do Brasileirão”. Se o apresentador se referisse a outras pessoas, poderia usar “Os jornalistas A e B vão falar da série A do Brasileirão”.

O problema, parece-me, está relacionado ao desconhecimento do que seja “registro formal” e “registro coloquial”, mas seria facilmente solucionado pelo uso do verbo no futuro do presente, tão fácil e corriqueiro entre pessoas razoavelmente letradas, como se imagina que sejam os jornalistas.

Agora falaremos da série A do Brasileirão.

Agora os jornalistas A e B falarão da série A do Brasileirão.

domingo, 12 de novembro de 2017

PREVÊEM / PREVEEM

Qual das duas formas verbais deve ser usada na sentença: “As normas prevêem/preveem detenção nos casos em que o equipamento coloca embarcações ou aeronaves em perigo”.

A segunda, preveem. O acordo ortográfico aboliu a acentuação gráfica da primeira das vogais dobradas do verbo “ver” e seus derivados, quando flexionados na 3ª pessoa do plural do presente do indicativo.

segunda-feira, 6 de novembro de 2017

O QUE É UMA PARÁFRASE?

A paráfrase constitui-se de um texto construído como imagem de outro, de forma clara e transparente para o leitor. Diferencia-se do plágio, porque não é uma cópia, mas um elogio ao texto primitivo. Mário de Andrade, um dos papas do Modernismo brasileiro escreveu uma "Ode ao Burguês" que ficou famosa em seu tempo. Abaixo uma paráfrase dessa Ode.

ODE AO CORRUPTO! (Uma paráfrase nada comportada)
Eu insulto o corrupto! O corrupto-jabuculê,
O corrupto-corrupto!
A mordomia cavada em Brasília!
O homúnculo com cifrões nos olhos...
O anão-moral de todas as regiões do País, que está sempre interessado em uma corrupçãozinha!
Eu insulto os sovietes estratificados!
Os companheirões ladrões! Os falsos cassados! Os falsos torturados!
Que vivem encastelados nas repartições,
Sempre pensando na próxima jogada que farão,
Para levarem alguns trocados para as contas da Suíça...
E arrotam suas supostas e fantasiosas honestidades!!!
Eu insulto o corrupto-funesto!
O intragável papo-furado dos movimentos sociais que nada fazem pelos realmente necessitados!
Fora a mentira! Fora a enganação! Fora a filiação cocaleira e o burlesco socialismo do século XXI!
Fora a retórica antiquada, aprendida nos manuais gramscianos fedidos!
Morte ao patrimonialismo!
Morte à burrice estratificada, esclerosada!
Morte ao petista-pixuleco!
Ao petista de passeata! Ao petista que confunde conchavos escrotos com acordos políticos!
— Ai, filha, que te darei pelo Natal? Uma bolsa Louis Vuitton? Um anel de oitocentos mil? Uma sandália Swarovski? Um sítio em Atibaia? Um tríplex no Guarujá? Ou tudo isso e muito mais?
Engole-te a ti mesmo, geleia oligofrênica!
Sopa malcheirosa de batatas podres!
Imitação xing-ling dos mascates sertanejos!
Ódio às metamorfoses ambulantes!
Ódio à repetição neurastênica das mesmas mentiras infamantes!
Ódio à militância cega-burra-remunerada, eternamente uivando as mesmices bolcheviques!
Todos às urnas! Marchemos altivos rumo ao receptáculo de nosso ódio e revolta!
Ódio e reprovação! Ódio e nojo! Ódio e vômito!
Ódio ao corrupto de joelhos,
Cheirando a mofo de batinas desbotadas, de freis que não são freis!
Ódio às teologias da escravização!
Ódio aos homens de preto, com bíblia no sovaco e contas em paraísos fiscais!
Ódio fundamental, sem piedade ou compaixão!

Fora, Lulas! Fora, Dilmas! Fora, Cunhas! Fora, Cabrais! Fora, PT! PSOIS E QUEJANDOS...

AVERÍGUA / AVERIGUA

Professor, li essa manchete no jornal O Estado de São Paulo, deste domingo. “‘Zama’, o novo filme de Lucrecia Martel, averígua o mal-estar contemporâneo”.
A grafia do verbo “averiguar” está correta?

Verbo Averiguar

Nas formas rizotônicas do verbo averiguar ocorre dupla prosódia. Sem acentuação gráfica, a sílaba tônica é gu. Com acentuação gráfica, a sílaba tônica é ri, marcada com acento agudo: averiguo ou aveguo, averigua ou avegua.
Interessante é anotar que Silveira Bueno, por um lado, afirma que, "como todos os verbos terminados em guar, conjuga-se este, acentuando-se a vogal u no presente do indicativo, imperativo e subjuntivo"; por outro lado, porém, tal autor, além da maneira de conjugação normalmente aceita, também assim conjuga no presente do indicativo: averíguo, averíguas, averígua...

Resumindo: valem as duas formas de conjugação.

quarta-feira, 25 de outubro de 2017

450.000 CONSULTAS

ULTRAPASSAMOS A MARCA DE 450.000 (QUATROCENTAS E CINQUENTA MIL) CONSULTAS. 

É UM INCENTIVO A QUE CONTINUEMOS A AJUDAR QUEM NOS PROCURA, SOLICITANDO AJUDA EM SUAS DÚVIDAS SOBRE A LÍNGUA PORTUGUESA.

quinta-feira, 19 de outubro de 2017

TUDO SÃO FLORES / TUDO É FLORES?

O verbo “ser”, às vezes, tem uma concordância bem complicada. Na expressão a seguir, qual seria a forma correta: “Tudo são flores / Tudo é flores”?

Em se tratando de casos em que o sujeito é representado por “tudo, isso, isto, aquilo”, a concordância do verbo “ser” normalmente se efetiva com o predicativo expresso no plural. 

Exemplos? Observe:

  Tudo são flores.
  Aquilo eram fantasias cultivadas.
  Isso são desencantos passageiros.

sexta-feira, 13 de outubro de 2017

LOUVA-DEUS / LOUVA-A-DEUS

Qual das formas é a correta? Como se faz o plural?

Os dicionários Aurélio e Houaiss e o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (Volp) registram as duas grafias, mas consideram “louva-a-deus” como a forma preferencial.

Para o plural, a palavra não varia: o louva-a-deus / os louva-deus.

Isso acontece com os substantivos de dois números, isso é, têm uma forma única para o singular e para o plural, fazendo-se a distinção com a variação do número do artigo (ou outro determinante) que os antecede.

Pertencem a essa categoria todos os substantivos terminados em –x e os substantivos proparoxítonos e paroxítonos terminados em –s.

EXEMPLOS: o alferes – os alferes; o atlas – os atlas; o bíceps – os bíceps; o cais – os cais; o lápis – os lápis; o mil-folhas – os mil-folhas; o ônibus – os ônibus; o ourives – os ourives; o pires – os pires; a práxis – as práxis; o vírus – os vírus; o cálix – os cálix; o clímax – os clímax; o códex – os códex; a fênix – as fênix; o índex – os índex;  o látex – os látex; o ônix – os ônix; o tórax – os tórax; o xérox – os xérox...

sexta-feira, 29 de setembro de 2017

REGÊNCIA VERBAL PERMITIR

Professor, achei estranha a frase veiculada em um jornal de circulação nacional: “Uber perde licença que a permite operar em Londres”. O que o senhor acha?

Pode apostar que não acho graça alguma.

Todo professor de Língua Portuguesa sabe da dificuldade que o assunto “regência” representa nas aulas de Gramática. A regência verbal trata da forma como os verbos se relacionam com seus complementos (objetos direto e indireto) e aí mora grande parte do problema, mas vamos ao caso específico da pergunta.

O verbo “permitir” é um verbo que deve (pode) ser construído com dois complementos. Um objeto direto (aquilo que é permitido - coisa) e um objeto indireto (aquele que recebe a permissão – pessoa). Quem permite, permite alguma coisa a alguém.

Os pronomes oblíquos átonos “o – a – os – as” podem ser exclusivamente objetos diretos de verbos, quer dizer, são os recipiendários (palavrão desgraçado) da ação verbal. Já o pronome oblíquo átono "lhe" serve exclusivamente como objeto indireto.

Logo, na frase de que tratamos, o pronome antes do verbo representa “Úber”, a pessoa jurídica que recebe a permissão (objeto indireto) e deve ser trocado por “lhe”. O objeto direto é a expressão ”operar em Londres”...

Depois dizem que Português é difícil...

quinta-feira, 21 de setembro de 2017

VERBO INTERMEDIAR

O furacão de categoria 4 em uma escala que vai até 5 acabou afetando a infraestrutura presente no local. Um exemplo é a TI Sparkle, uma das empresas que intermedia o tráfego de rede entre o resto do mundo, que comunicou que as estações na região de Porto Rico tiveram sua atividade reduzida, segundo informações obtidas pela a Folha de S. Paulo.

A grafia do verbo negritado está correta?

Não. O verbo “intermediar” não se conjuga assim.

Os verbos terminados em -iar têm conjugação regular, ou seja, seguem a conjugação de qualquer verbo terminado em -ar, como, por exemplo, o "andar". Então, se dizemos "eu ando, tu andas, ele anda", também diremos "eu negocio, tu negocias, ele negocia".

Há alguns verbos terminados em -iar, porém, que não seguem essa conjugação. É o caso de "mediar", "ansiar", "remediar", incendiar", "odiar" e todos os seus derivados. Esses verbos terão o acréscimo da letra "e" antes da terminação -iar, nas pessoas "eu, tu, ele e eles" do presente do indicativo(todos os dias ...) e do presente do subjuntivo (espero que ...). A conjugação desses dois tempos ficará desta forma: Todos os dias eu medeio, tu medeias, ele medeia, nós mediamos, vós mediais, eles medeiam. Que eu medeie, tu medeies, ele medeie, nós mediemos, vós medieis, eles medeiem.

Todos os outros tempos seguem a conjugação regular, ou seja, terão conjugação igual à de qualquer verbo terminado em -ar.

O verbo "intermediar" é derivado de "mediar" e sua conjugação é idêntica. 
A palavra destacada, então, deve ser assim grafada:          INTERMEDEIA

terça-feira, 22 de agosto de 2017

A FALTA QUE UMA VÍRGULA FAZ

Por volta das 13h25m, o corretor deixou o prédio da Justiça e seguiu para PGR em uma viatura da Polícia Federal onde assinou a colaboração premiada.

O sujeito assinou o documento onde? Na viatura da Polícia Federal? Na PGR? Oh, dúvida cruel!

Quando o professor diz que a aula será sobre colocação da pontuação, muitos alunos ficam enfastiados, porque acham que nada conseguirão aprender e também que isso é “cultura inútil”, como bem ensinou o professor de Física...

Conheci uma professora que ensinava a colocação da “vírgula biológica”: “Você escreve sem se preocupar com as vírgulas. Depois, leia o texto e vai colocando as vírgulas, à medida que interrompe a leitura para respirar”.

Lindo, mas a vírgula é um problema gramatical e nada tem a ver com a capacidade respiratória de cada um de nós...

No texto em questão, as sequências “em uma viatura da Polícia Federal” e “onde assinou a colaboração premiada” são adjuntos adverbiais de lugar, ambas acrescentando circunstâncias ao verbo “seguir”. Para clarificar o texto e dar-lhe consistência lógica, basta colocar o primeiro adjunto adverbial ENTRE duas vírgulas: “Por volta das 13h25m, o corretor deixou o prédio da Justiça e seguiu para PGR, em uma viatura da Polícia Federal, onde assinou a colaboração premiada”.

sexta-feira, 18 de agosto de 2017

SEMPRE QUE HÁ / SEMPRE QUE HAJA

“Rezam o bom senso e o Código de Processo Civil que um juiz deve se declarar impedido de atuar em determinado processo SEMPRE QUE HÁ razões objetivas ou subjetivas capazes de comprometer a imparcialidade do julgamento”.

Professor, li esse texto em um grande jornal brasileiro e fiquei em dúvida sobre o uso do verbo haver. 

E você tem razão. O uso do verbo haver está realmente contrário às regras gramaticais. 

Quanto ao problema do uso do singular está tudo bem, pois o significado é o mesmo dos verbos existir, ocorrer e, nesse caso, o verbo haver é impessoal e fica sempre na 3ª do singular.

O problema reside no modo verbal. O modo indicativo deverá ser usado para representar ações que ocorreram, ocorrem ou ocorrerão sem a menor sombra de dúvidas.
  • Havia políticos desonestos no passado (passado).
  • Há políticos desonestos no presente (presente).
  • Haverá políticos desonestos no futuro (futuro).

Quando, entretanto, houver qualquer possibilidade de o fato verbal NÃO OCORRER, como sugerido pelo uso do advérbio sempre, no texto da consulta, deveremos usar o modo subjuntivo. “Sempre que haja razões objetivas ou subjetivas capazes de comprometer a imparcialidade do julgamento”. 
  • Sempre que houvesse políticos desonestos (subjuntivo passado).
  • Sempre que haja políticos desonestos (subjuntivo presente).
  • Sempre que houver políticos desonestos (subjuntivo futuro).


segunda-feira, 24 de julho de 2017

AGROINDUSTRIAL ou AGRO-INDUSTRIAL?

Professor, qual a grafia correta de “agroindustrial / agro-industrial”?

Não se usa o hífen quando o prefixo termina em vogal diferente da vogal com que se inicia o segundo elemento.

Exemplos: aeroespacial; agroindustrial; anteontem; antiaéreo; antieducativo; autoaprendizagem; autoescola; autoestrada; autoinstrução.

quinta-feira, 20 de julho de 2017

A VÍRGULA NO APOSTO EXPLICATIVO

O Jornal O Globo, de 20jul2017, traz o texto a seguir: “Existe a possibilidade de que o presidente da Câmara Rodrigo Maia assuma a presidência da República”.

Existe uma “Câmara Rodrigo Maia” no Brasil?

Nada disso. O redator do texto deve ter faltado à aula sobre o uso da vírgula no interior da oração, ou sobre análise sintática dos termos da oração, ou as duas... No entanto, ganha a vida trabalhando em uma empresa que tem no uso da língua um de seus principais insumos de produção de lucros.
“Câmara“, no caso, é, certamente, a Câmara Federal e “Rodrigo Maia” é seu presidente atual.

Como existem inúmeras “câmaras” por aí, o autor do texto resolveu estabelecer com clareza de que câmara tratava, explicitando seu presidente. O termo que “explicita” um outro classifica-se como “aposto explicativo” e deve ser SEMPRE usado entre vírgulas.

“Existe a possibilidade de que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, assuma a presidência da República”. Dessa forma, o leitor sabe perfeitamente de que câmara se trata e quem é seu presidente de plantão.

quarta-feira, 19 de julho de 2017

TEM / TÊM - DETÉM / DETÊM

Professor, ontem houve uma discussão no trabalho, sobre a acentuação gráfica no verbo “ter”. Ainda existem os “acentos diferenciais”?

Sim. O acordo ortográfico preservou alguns dos acentos diferenciais.
Permanecem os acentos que diferenciam as 3ªs pessoas do singular e do plural dos verbos ter e vir, assim como de seus derivados (manter, deter, reter, conter, convir, intervir, advir etc.).

Exemplos:
  Ele tem dois carros. / Eles têm dois carros.
  Ele vem de Sorocaba. / Eles vêm de Sorocaba.
  Ele mantém a palavra. / Eles mantêm a palavra.
  A crise advém da ganância / As crises advêm da ganância.


segunda-feira, 17 de julho de 2017

DIGNITÁRIO / DIGNATÁRIO

Professsor, vi e ouvi o Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, dizer, por duas vezes, a palavra “dignatário”, em entrevista concedida à imprensa. Está correto? Não seria “dignitário”?

Você está certo.

Seria "dignatário" se derivasse de "dignadade", mas "dignadade" não existe. O que existe é a palavra "dignidade", da qual provém "dignitário".

domingo, 16 de julho de 2017

CO-HABITAR / COHABITAR / COABITAR

Que forma está correta? CO-HABITAR / COHABITAR / COABITAR 

O Acordo Ortográfico é omisso com relação à palavra “coabitar” e seus cognatos (palavras de significação aproximada). Devemos, portanto, seguir a norma que manda manter a escrita das palavras já consagradas pelo uso.

Assim, devemos grafar “coabitar / coabitação / coabitante...”

terça-feira, 11 de julho de 2017

VER / VIR

Está certo isto,Professor? “Se você VER pixels brancos em meio as outras cores, já sabe: não é uma TV 4K RGB”.

Não!

Quando há dúvida ou incerteza sobre a efetividade da ação que se quer expressar, usa-se o modo subjuntivo do verbo. O verbo VER, no futuro do subjuntivo é: “se eu vir; se tu vires; se ele (você) VIR; Se nós virmos; se vós virdes; se eles (vocês) virem.

A equívoco decorre da semelhança gráfica e fonética entre os verbos VER e VIR e, principalmente, do desconhecimento sobre tempos e modos verbais, assunto do qual os professores fogem como o diabo da cruz...

segunda-feira, 3 de julho de 2017

RESPONDEU / RESPONDERA

Professor, o tempo verbal usado nesse texto está certo? “Na manhã de ontem, o Procurador Janot respondera duramente as críticas ao Ministério Público, feitas por Gilmar Mendes no dia anterior”.

O tempo verbal chamado “Mais que Perfeito do Indicativo” deve ser usado quando a ação verbal declarada tiver ocorrido em um momento anterior a outra ação verbal, também presente na frase.

No texto, a resposta de Janot ocorreu em momento posterior à crítica de Gilmar. Mesmo porque uma resposta sempre vem depois de uma pergunta ou ação. 

O autor da frase deveria ter usado o verbo no Pretérito Perfeito do Indicativo: 
“Na manhã de ontem, o Procurador Janot respondeu duramente as críticas ao Ministério Público, feitas por Gilmar Mendes no dia anterior”.

Ou

“Na manhã de ontem, o Procurador Janot respondeu duramente as críticas ao Ministério Público, que Gilmar Mendes fizera no dia anterior”.

terça-feira, 20 de junho de 2017

CONCORDÂNCIA DO VERBO "PARECER"

Professor, um grande jornal publicou a notícia: “E todos parecem terem passado do ponto de não retorno, enquanto o Palácio do Planalto procura debilmente manter uma certa ordem na casa para escapar do naufrágio que volta e meia parece inevitável”.

A conjugação dos verbos destacados está correta?

O verbo “parecer” pode ser usado como verbo principal de uma oração ou como verbo auxiliar de um outro verbo. Isso leva, às vezes, a um mau entendimento sobre seu emprego.

PARECER – COMO VERBO PRINCIPAL
Os alunos parecem cansados.
Ludmila parece-se com Natasha.

Nesse caso, a concordância é normal. O verbo concorda com o sujeito em número (singular / plural) e pessoa (1ª, 2ª ou 3ª).

PARECER – COMO VERBO AUXILIAR
Os alunos parecem entender o problema. O verbo parecer comporta-se como verbo auxiliar. A concordância é feita com o auxiliar e o principal fica em forma nominal (infinitivo impessoal).

Os alunos parece entenderem o problema. O verbo parecer fica na 3ª pessoa do singular. A concordância é feita com o verbo principal.

O que não se pode fazer é flexionar o auxiliar e o principal = “parecem entenderem”

quarta-feira, 14 de junho de 2017

CONJUGAÇÃO DO VERBO INTERVIR

Professor, li esta frase “O governo russo interviu nas eleições americanas”, em um grande jornal, de circulação nacional. Ela está certa?

O verbo “intervir” é conjugado segundo o modelo do verbo “vir”.

Trata-se de uma palavra formada por prefixação, ou seja, nasceu da adição do prefixo "inter-" ao verbo "vir". Assim, basta seguir a conjugação do verbo "vir".

O equívoco mais frequente é seguir a conjugação do verbo "ver" (como ocorreu no exemplo fornecido).

quinta-feira, 25 de maio de 2017

NESTE / NESSE

Qual a razão de se usar nesse/neste, no texto: “As homenagens pelos 109 anos do Atlético, completados nesse sábado, seguiram neste domingo, no Independência”?

As palavras neste e nesse existem na língua portuguesa e estão corretas. São contrações da preposição em com os pronomes demonstrativos este e esse, isto é, neste = em + este e nesse = em + esse.

Os pronomes demonstrativos este e esse situam o ser no espaço, no tempo e no discurso em relação às próprias pessoas do discurso: quem fala (este) ou a quem se fala (esse).

Nesse e neste são palavras parecidas, parônimas, mas usadas em situações diferentes. A distinção entre os dois conceitos é uma questão referencial (tempo 
e espaço).

Neste: próximo de quem fala
Neste (nesta, nestes, nestas, nisto) é usado quando aquilo que se demonstra está espacial (posição geográfica) e temporalmente (posição temporal) próximo da pessoa que fala. Usa-se ainda para referir aquilo que será mencionado na sequência do discurso (função catafórica).

Exemplos com neste
Resolverei este assunto neste instante!
Este ano acabaremos com a corrupção.
Neste momento não tenho dinheiro para gastar.

Nesse: próximo da pessoa a quem se fala
Nesse (nessa, nesses, nessas, nisto) é usado quando aquilo que se demonstra está espacial (posição geográfica) e temporalmente (posição temporal) próximo da pessoa com quem se fala. Usa-se ainda para referir aquilo já mencionado no discurso (função anaafórica).

Exemplos com nesse
Faltei ao trabalho nesse dia porque havia uma greve de rodoviários.
Foi nesse momento que fui demitido.
Nessa hora todos os deputados tiraram o time de campo.

Logo, no texto apresentado:Qual a razão de se usar nesse/neste, no texto: “As homenagens pelos 109 anos do Atlético, completados nesse sábado, seguiram neste domingo, no Independência”, usa-se nesse para indicar o sábado que já passou (ontem) e neste refere-se ao domingo em que o texto está a ser produzido (hoje).

segunda-feira, 22 de maio de 2017

400.000 CONSULTAS

400.000

ULTRAPASSAMOS AS 400.000 (QUATROCENTAS MIL) CONSULTAS. ESSA MARCA É MAIS UM INCENTIVO PARA QUE CONTINUEMOS O TRABALHO DE AJUDAR A QUEM NOS PROCURA EM BUSCA DE AUXÍLIO NOS DOMÍNIOS DA LÍNGUA PORTUGUESA.

MUITO OBRIGADO A TODOS!!!

sábado, 29 de abril de 2017

QUEM TINHAM DUAS BOLAS?

Professor, em “Fábio reclamou bastante que tinham duas bolas em jogo”, o emprego do verbo “ter” está correto?

No registro formal culto, o verbo ter não deve ser usado com o sentido de “existir”, “haver”, “ocorrer”. Como verbo principal de uma frase, seu emprego deve sempre relacionar um possuidor (sujeito) a algo possuído (objeto).

  • Eu tenho um livro.
  • Maricota tem dois cachorros.
  • Adolescentes costumam ter cravos e espinhas.

Na frase da consulta, “Fábio reclamou bastante que tinham duas bolas em jogo”, se perguntarmos ao verbo “quem tinham duas bolas”, não teremos uma resposta lógica e efetiva, logo não há sujeito explícito (e muito menos implícito).

Seria o caso de um sujeito “indeterminado”? Também não, pois nesse fato gramatical existe o sujeito, mas o autor não quer ou não se interessa em expressá-lo...

Seria o sujeito a expressão “duas bolas”? Também não, pois duas bolas não podem ter duas bolas...

O que ocorre, finalmente, é que o autor da frase usou o verbo ter com o  mesmo sentido de “haver” impessoal e, ainda por cima, equivocou-se na concordância verbal, fazendo o verbo concordar com o objeto direto.


O correto, portanto, é “Fábio reclamou bastante que havia duas bolas em jogo”. 
O autor da frase, com certeza, inspirou-se no saudoso locutor Luciano do Vale, que não se cansava de dizer que “tinham dois jogadores impedidos”...

quinta-feira, 20 de abril de 2017

DESINTERIA / DISENTERIA

Professor, a propósito da declaração “Gilmar Mendes de ter tido uma ‘desinteria verbal’, e atribuindo as acusações à “decrepitude moral” do ministro do STF” o correto é desinteria ou disenteria?.

Os prefixos “des-“ e “dis-“ têm o mesmo valor semântico: juntam-se ao início de palavras (são prefixos) para acrescentar-lhes o valor de contrariedade, dificuldade ou privação.
Há uma pequena observação quanto ao emprego: o prefixo “des-” junta-se a palavras portuguesas, o prefixo “dis-” junta-se a palavras latinas, que depois evoluíram para o Português.

O radical grego “enteros” está na formação da palavra portuguesa “intestinos”.

Quando há mau funcionamento dos intestinos, devemos dizer “disEnteria”, respeitando e etimologia da radical “enteros”.

terça-feira, 4 de abril de 2017

SE VOCÊ VER / SE VOCÊ VIR?

Está certo isto,Professor? “Se você VER pixels brancos em meio as outras cores, já sabe: não é uma TV 4K RGB.

Não!

Quando há dúvida ou incerteza sobre a efetividade da ação que se quer expressar, usa-se o modo subjuntivo do verbo. O verbo VER, no futuro do subjuntivo é: “se eu vir; se tu vires; se ele (você) VIR; Se nós virmos; se vós virdes; se eles (vocês) virem.

O equívoco decorre da semelhança gráfica e fonética entre os verbos VER e VIR: “se eu vier; se tu vieres; se ele (você) vier; se nós viermos; se vós vierdes; se eles (vocês) vierem.

segunda-feira, 20 de março de 2017

SOBRE VÍRGULAS

Professor, gostaria de saber se o uso das vírgulas está correto em: “A presidente do STF, Cármen Lúcia, deve priorizar, em abril, processos de repercussão geral...”.

A expressão destacada exerce a função sintática de aposto explicativo, isto é, define o termo anterior. Como em “Nós, os brasileiros, precisamos melhorar nossos conhecimentos políticos”, o termo negritado diz quem está incluído no pronome “nós”. Poderiam ser os argentinos, ou os paraguaios, ou os vendedores de eletrodomésticos, ou qualquer outro grupo. A norma gramatical determina que todo aposto explicativo seja isolado por vírgulas. Devem-se usar DUAS vírgulas, uma antes e outra depois do aposto explicativo.

Já o uso das vírgulas isolando o termo “em abril” explica-se por tratar-se de um adjunto adverbial posicionado entre o verbo e o objeto direto.

sábado, 18 de março de 2017

QUEM USA SUTIÃS?

Professor, a frase “Angelina Jolie reúne-se com arcebispo sem sutiã e causa constrangimento” está correta?

Gramaticalmente está impecável.

Quanto ao sentido, entretanto, apresenta um defeito grave que prejudica o entendimento. O leitor pode indagar sobre “quem estava sem sutiã” e a pergunta teria razão de ser, embora saibamos que os arcebispos, em geral, não têm o hábito, nem a necessidade, de usar sutiãs.

Trata-se de uma “ambiguidade”. Da forma como foi escrita, pode-se entender que o arcebispo não usava sutiã, embora absurda, a leitura permite tal interpretação.

Para eliminar as ambiguidades, pode-se trocar ou eliminar um termo, deixando que o contexto produza o significado, ou muda-se a posição de um termo na frase.

Elimina-se um termo: “Angelina Jolie reúne-se com arcebispo e causa constrangimento por não usar sutiã” e na sequência do texto explica-se o motivo do constrangimento, isto é, ela não usava o dito cujo.

Mudança de posição de um termo: “Angelina Jolie, sem sutiã, reúne-se com arcebispo e causa constrangimento”.