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terça-feira, 27 de agosto de 2013

PLURAL COM METAFONIA

Como se faz o plural de “forno” e de “forninho”?

Na pluralização de “forno”, além da desinência /S/, ocorre a metafonia [ô/ó]: “f/ó/rno/s/”.

Metafonia é a mudança de timbre da vogal tônica por influência de outra vogal átona da sílaba final da palavra. Trata-se, portanto, de um fenômeno de natureza assimilatória, em que vogais finais alteram traços da vogal tônica anterior, abrindo-a, quando, do ponto de vista etimológico, deveria ficar fechada, ou fechando-a antietimologicamente.

As gramáticas disponíveis no mercado tratam o problema superficialmente, dedicando-lhe poucas linhas, com exemplos mais corriqueiros, sem explicar a fundo a natureza do fenômeno. Provavelmente isso acontece em razão de a metafonia ocorrer em nível da fala, enquanto que as gramáticas, via de regra, privilegiam o emprego da língua escrita.

A palavra forno (< do latim fornŭm) abre a vogal tônica no plural (fórnos), por analogia com um esquema pré-existente (miolo / miólos; poço / póços; gostoso / gostósos; socorro / socórros; etc.), todos justificados pela evolução linguística.

Já para o diminutivo, não se encontra fonte que descreva tal metafonia. Aliás, a palavra "forninho" nem é registrada em alguns dicionários (Aurélio e Houaiss). O dicionário Aulete registra como "forninho" com a primeira vogal fechada. O VOLP registra “forninho” sem qualquer alusão ao timbre das vogais.

É evidente que, em tais casos, se torna válido o uso do recurso da analogia, aplicando-se no diminutivo o mesmo processo corrente na palavra primitiva.

Porco (vogal tônica fechada) è porcos (vogal tônica aberta);
Porquinho (vogal pré-tônica fechada) è porquinhos (vogal pré-tônica aberta);
Forno (vogal tônica fechada) è fornos (vogal tônica aberta);
Forninho (vogal pré-tônica fechada) è forninhos (vogal pré-tônica aberta).